Um jornalista internacional documentou um ato de violência inominável quando dois homens passaram a espancar um outro no meio da rua, logo em seguida matando-o a tiros e ateando fogo ao cadáver, tudo isso presenciado por populares, que nenhuma reação esboçaram para evitar aquele atentado às mínimas regras de civilização. Esse fato ocorreu em pleno século XXI.

A questão da violência demanda sérias reflexões.

O que provoca a violência senão o primarismo moral que ainda caracteriza grande parte da humanidade? Não tem nada a ver com o nível intelectual, mas sim com o grau de desenvolvimento moral de cada um.

A violência praticada pelos particulares não é maior do que a violência estatal, esta exercitada mais ou menos explicitamente, como comprovam os exemplos abaixo.

Os nazistas de ADOLF HITLER trucidaram milhões de judeus impulsionados por uma índole sadista a custo contida pelas tinturas da instrução escolar.

Os soviéticos de JOSEPH STALIN cometeram todo tipo de atrocidades contra seus próprios patrícios que ousavam discordar da ideologia do ditador.

No Brasil muita gente foi torturada e morta sumariamente no período de exceção de 1964 ao argumento de professar a doutrina comunista.

Ainda hoje se verificam espancamentos e mortes sumárias comandados por alguns policiais despreparados para sua missão pacificadora. Prisões determinadas por magistrados rigoristas e delegados de polícia arbitrários, tudo isso representa violências contra a população, que, em algumas favelas, não sabe se é melhor ficar do lado da polícia ou do comando do tráfico.

A violência não pode ser diluída à força de violência, tanto quanto não se apaga um incêndio lançando mais fogo à fogueira.

Toda violência é a consequência direta do primarismo moral, representando um desacerto psicológico ou até psiquiátrico.

Trancafiar os desajustados em cubículos infectos e superlotados para puni-los é uma forma simplista de tentar resolver o problema. Demonstra pobreza de visão dos que acreditam nessa fórmula infantil ou - o que é pior - profundo desinteresse pela real solução do problema.

Psicólogos, psiquiatras, sociólogos, juristas, pedagogos, assistentes sociais, religiosos e filósofos deveriam ser convocados para um estudo aprofundado do assunto.

Mas, mesmo como leigos, podemos entender que o desacerto começa com a equivocada formação das pessoas ainda na infância, no seio das famílias, quando os próprios pais e mães ensinam a violência através dos exemplos diários, representada pelas rusgas entre muitos casais, tratamento rude que muitos pais dão a seus filhos, revide das mínimas ofensas etc.

Fora de casa cada filho e cada filha vão aplicar as lições que receberam dos pais. E assim vai num círculo vicioso.

A solução depende da pacificação interior de cada um.

YOGANANDA ensinava que devemos tentar enxergar DEUS na fisionomia de cada pessoa. Assim fica mais fácil suavizar a convivência social.

Autor: juiz Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG.