A Amagis e o Espaço Cultural Juiz Diógenes de Araújo Netto têm a honra de comunicar a seus associados e associadas a abertura da exposição literária “A presença feminina na literatura brasileira: um caminho difícil”, promovida pela Academia Mineira de Letras e o Instituto Peck Pinheiro. A abertura será no dia 5 de outubro, às 10h. A exposição permanece até 6 de novembro no prédio anexo da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466, Centro, Belo Horizonte). A visitação é gratuita, de terça a sexta, das 11h às 19h30 e, aos sábados, das 10h às 16h.

O evento oferece ao público livros, quase sempre em primeiras edições, de escritoras brasileiras dos séculos XVIII ao XX, contando as histórias dos desafios enfrentados pelas autoras para serem reconhecidas no universo literário, seja em forma de romances, poesias, crônicas, contos ou memórias. “São autoras que enfrentaram algum tipo de preconceito pré ou pós-publicação, misoginia, rejeição da crítica, da sociedade ou editorial. Autoras que sentiram receio de mostrar sua arte, que rejeitaram seus primeiros livros por receio de recepção negativa. Autoras que assumiram causas sociais e políticas em defesa dos direitos das mulheres. Em outras palavras, que enfrentaram ‘forças contrárias’ ao tentar mostrar sua literatura”, comenta Patricia Peck Pinheiro, fundadora do Instituto Peck.

Serão apresentadas 49 escritoras brasileiras e mais de 70 obras, entre elas:

– O primeiro romance escrito por um natural do Brasil, Máximas de virtude e formosura (1777), de Teresa Margarida da Silva e Orta, cujo reconhecimento só aconteceu em meados do século XX;

– O primeiro livro de poesias escrito por um natural do Rio Grande do Sul, Poesias oferecidas às senhoras Rio-grandenses (1838), da poeta cega Delfina Benigna da Cunha;

– O livro da primeira escritora feminista do Brasil, a professora Nísia Floresta Brasileira Augusta, com seu Itinerário de uma Viagem à Alemanha, publicado em Paris, em francês, em 1857, fato inédito para qualquer escritor brasileiro;

– Os poemas de Maria Firmina dos Reis, primeira escritora preta do Brasil, incluídas no Parnaso Maranhense (1861), do qual ela foi a única mulher a fazer parte;

– O único livro de poesias de Narcisa Amália, Nebulosas (1872), poeta que sofreu todo tipo de preconceito por conta de seus divórcios e morreu esquecida. Este livro fará parte da lista da FUVEST-USP a partir de 2026;

– Um dos dois exemplares conhecidos de Espectros (1919), de Cecília Meireles, escrito aos 16 anos e renegado pela autora. É considerado o livro mais raro da literatura brasileira do século XX;

– Os primeiros livros, também renegados, de duas grandes escritoras: Fogo fátuo (1925), da imortal da AML Henriqueta Lisboa, e Porão e Sobrado (1938), de Lygia Fagundes Telles, jamais reeditado por ordem da autora;

– Os livros de grandes escritoras pretas do século XX: Horto (1901), de Auta de Souza, Água funda (1946), de Ruth Guimarães, e Quarto de despejo (1960) e Provérbios (1965), de Carolina Maria de Jesus;

Estarão também expostos os principais livros, em primeira edição, de grandes autoras como Júlia Lopes de Almeida, Maria Benedita Bormann (Délia), Francisca Júlia da Silva, Amélia Beviláqua, Albertina Bertha, Gilka Machado, Rachel de Queiroz, Ercília Nogueira Cobra, Carolina Nabuco, Adalgisa Nery, Adalzira Bittencourt, Julieta Bárbara, Patrícia Galvão (Pagu), Clarice Lispector, Maria José Dupré, Dinah Silveira de Queiroz, Hilda Hilst, Cora Coralina, Maria José de Queiroz, Maria Julieta Drummond de Andrade, Adélia Prado, Zélia Gattai, Ana Cristina César e Conceição Evaristo, entre diversas outras.

A mostra terá uma vitrine dedicada às obras das onze escritoras que integram a Academia Mineira de Letras, com edições de estreia ou raras de livros de Alaíde Lisboa, Ana Cecilia de Carvalho, Carmen Schneider Guimarães, Conceição Evaristo, Elizabeth Rennó, Henriqueta Lisboa, Lacyr Schettino, Maria Antonieta Antunes Cunha, Maria Esther Maciel, Maria José de Queiroz e Yeda Prates Bernis.