Segundo o TJMG, a sessão estava prevista para começar às 8h30 desta quarta, mas teve início às 10h28. Logo no início, o advogado de Luedy, Sérgio Habib, solicitou que o julgamento ocorresse outro dia, por estar com a saúde debilitada. Em seguida, foi dada a palavra para o representante do Ministério Público, o promotor Christiano Gomes que pediu a prisão preventiva dos réus. Gomes alegou que "os pedidos de adiamentos tratam-se de manobras processuais".
Em contrapartida, a defesa de Luedy constetou e afirmou que o acusado estava respondendo a todas intimações solicitadas pela Justiça e que dessa forma não existiria justa causa para expedição de um mandado de prisão. O advogado Lúcio Adolfo, que fez a defesa do goleiro Bruno Fernandes e agora defende o fazendeiro, reforçou os argumentos e disse que não há fatos novos a sustentar o pedido de prisão. Todas as testemunhas foram ouvidas por carta precatória.
Por fim, o juiz do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, Glauco Eduardo Soares Fernandes, decidiu remarcar o julgamento sob a justificativa de que "é inequívoca a impossibilidade de se realizar o júri na data de hoje já que estaria lesionada a plenitude de defesa". Além disso, Fernandes aceitou o pedido de prisão preventiva, comemorado pelos integrantes do MST, pois "diante das tentativas de adiar o julgamento, é cabível a prisão preventiva dos quatro réus".
Eles são acusados de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio. O fazendeiro responde ainda por formação de quadrilha. As penas podem chegar até 30 anos de prisão. Um quinto réu, Admilson Rodrigues Lima, morreu no decorrer do processo.
Chacina de Felisburgo
A "Chacina de Felisburgo" aconteceu em 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - foram assassinados e cerca de 12 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças.
As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu do processo, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias.
Quase nove anos depois da chacina, as famílias ainda vivem no assentamento e aguardam que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Fonte: Hoje em Dia