“Com certeza deve ter colegas envolvidos, infelizmente. Não todos, mas, infelizmente, tem maçã podre em toda área de segurança pública do estado”. O agente suspeita que o colega supostamente envolvido também se dopou, na tentativa de dificultar as investigações. “A Secretaria (de Defesa Social) acho que já juntou algumas provas e tem suspeito”, revelou o agente, que não terá o nome divulgado.
De acordo com ele, os próprios agentes lotados na central fizeram uma “vaquinha” para rebocar as paredes, colocar o piso, fazer o telhado e cercar o imóvel. “ A única coisa que a Secretaria (de Defesa Social) desembolsou foi o sistema de telefone e o armamento”, garante o denunciante.
Além da precariedade e da fragilidade de segurança do imóvel, o agente revelou que muitos colegas fazem escoltas de presos em hospitais com coletes à prova de balas vencidos e armas inadequadas. “Você não tem armamento adequado para trabalhar no hospital. A secretaria te dá um colete vencido e um (revolver) calibre 38”, conta. “Te garanto que 90% dos coletes são vencidos”, afirmou o agente.
Em nota, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) admitiu que, na época da reforma da central de escoltas, houve colaboração voluntária de terceiros, entre eles agentes. No que diz respeito ao uso de coletes vencidos, a secretaria afirma que já está apurando a situação. No entanto, adianta que cerca de 3.700 novos foram adquiridos e chegam às unidades prisionais nos próximos dias.
Relembre o caso
O roubo das armas, que ganhou repercussão nacional, foi detectado por volta das 7h da última segunda-feira, durante a troca de turno da Central de Escoltas. Agentes penitenciários que chegaram até o local encontraram alguns colegas dormindo e outros se sentindo mal. A suspeita é que os servidores tenham comido alimentos com alguma substância dopante que provocou tais efeitos.
Ao fazerem uma verificação na sala de armas, detectaram que 45 armamentos haviam sido roubados, sendo 39 pistolas 'ponto 40' e seis submetralhadoras. Também foram subtraídas cerca de mil munições de calibres diferentes.
Após o roubo, a Central foi desativada e o armamento transferido para um local de segurança máxima. Os agentes que estavam no local foram afastados por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, dependendo do andamento das investigações da Polícia Civil.