Luiz Guilherme Marques*

Há muitos anos que se vem avisando às pessoas e aos governos quanto ao aquecimento global do planeta, a falta de água cada vez mais preocupante, a extinção de várias espécies animais e vegetais e a concentração populacional humana em centros cada vez mais gigantescos, como Nova Iorque, Tóquio e São Paulo.

Todavia, não somente os governantes, como os empresários e as pessoas em geral têm pensado, no geral, apenas nos interesses próprios, sobretudo, no que redunda em dinheiro e poder.

A Natureza, considerada, para efeito deste artigo, apenas ao que se refere aos Reinos mineral, vegetal e animal, tem sofrido muito nos últimos anos, verificando-se, por exemplo, que os metais preciosos, que antes abundavam no planeta, hoje são raridades, pois se escondem em camadas cada vez mais profundas do solo; muitas espécies vegetais, como, por exemplo, as que produzem flores azuis, estão desaparecendo; inúmeras espécies animais estão a caminho da extinção, sendo certo, por exemplo, que, há cerca de dez milênios atrás, os leões somente eram suplantados em termos numéricos, entre os mamíferos, pelos humanos.

Alguém perguntará: - Mas o que tenho a ver com a pouca acessibilidade dos minerais raros, com o desaparecimento gradativo dos miosótis e com a extinção dos leões?

Realmente, para quem não consegue entender a importância dos Reinos inferiores da Natureza na sua própria vida e na vida da humanidade nada temos a dizer e lhe desejamos muita felicidade num mundo que não seja a Terra, pois aqui nossa vida depende umbilicalmente dos vegetais, dos minerais e dos animais.

Na ilha de Robinson Crusoé talvez esses egoístas e inscientes conseguissem viver, mas acontece que essa ilha não existe.

O que podemos fazer, nós operadores do Direito, que temos meios de melhorar o meio ambiente? A resposta nos parece muito simples, consistente, por exemplo, em ações de iniciativa do Ministério Público ou mesmo de particulares, requerendo ao Judiciário que determine aos municípios, estados e a união, o plantio de um grande número de árvores sob de pena de pesadas punições de várias ordens.

Em caso contrário, os governos continuarão inertes.

Iniciativas também podem ser tomadas por condôminos em edifícios residenciais e congêneres, porque, em caso contrário, inviabilizar-se-á a própria sobrevivência das pessoas em condições razoáveis.

Mas a solução principal está em cada um começar a reforma por si mesmo, passando a plantar onde lhe seja possível, cuidar dos seres dos Reinos inferiores o quanto lhe permitam os recursos pessoais e investir em sua própria vida nesse aspecto.

Se ninguém quiser fazer isso, a humanidade toda terá de voltar-se para o campo, como ocorreu na Idade Média europeia, depois da derrocada do Império Romano do Ocidente.

Naquele período, os cidadãos europeus aparentemente retrocederam em termos de cultura formal, mas passaram a gozar de melhor saúde em contato com a Natureza.

Não estamos endeusando a Idade Média, mas poderá voltar a acontecer algo semelhante, porque as pessoas de bom senso já estão abandonando as cidades e indo para o campo.

Os alertas da Natureza são incisivos, como está acontecendo, por exemplo, com o aumento da temperatura, os desequilíbrios das estações do ano e outras tantas dificuldades que cada um tem sentido na própria carne.

A Justiça deve começar a agir e as pessoas também, porque os alertas da Natureza, como dito, são incisivos e não nos perguntam se concordamos com os resultados devastadores da violência que se tem cometido contra ela.

Sua vida, prezado leitor, o que tem sido em relação à Natureza?

Tente responder a esta pergunta e, se quiser, tome alguma atitude em seu benefício e no da coletividade onde habita!
*Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora – MG