A Amagis aderiu à iniciativa da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em favor da nomeação do ex-ministro Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz 2021. Em carta encaminhada a Durval Dourado Neto, reitor da ESALQ/USP, o presidente da Amagis, desembargador Alberto Diniz, afirma que, como "pai" da agricultura tropical sustentável, Alysson Paolinelli transformou o Brasil em uma potência agroalimentar global, e sua indicação ao Nobel da Paz evidencia ao mundo que o agro brasileiro é ancorado na Ciência e práticas sustentáveis.

Leia abaixo a carta na íntegra.

 

Prezado Reitor, 

Com grande honra e satisfação, a Associação dos Magistrados Mineiros (AMAGIS) manifesta adesão à iniciativa da ESALQ/USP em favor da justa e meritória nomeação do digno ex-ministro Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz 2021. 

Somos a segunda maior Associação de juízes (as) e desembargadores (as) da América Latina, integrada por cerca de 1.800 magistrados (as). Nosso campo de atuação é a prestação jurisdicional e a pacificação social, mas apoiamos essa causa por reconhecer esse ilustre mineiro como promotor da paz mundial ao mitigar a fome no mundo, motivo de conflitos e guerra entre nações. 

Como “pai” da agricultura tropical sustentável, transformou o Brasil em uma potência agroalimentar global e sua indicação ao Nobel da Paz evidencia ao mundo que o agro brasileiro é ancorado na Ciência e práticas sustentáveis. 

Como líder, professor, Secretário de Estado, Ministro da Agricultura e membro do Congresso Nacional, Alysson Paolinelli comandou a revolução agrícola, a partir dos anos 1970, que se constituiu em dos fatos econômico-sociais mais marcantes da segunda metade do século XX, no Brasil. 

Com a mudança protagonizada por ele, o Brasil alcançou a autossuficiência alimentar, pois até então importávamos alimentos básicos. E a maior oferta de comida reduziu o custo relativo da alimentação dentro do orçamento familiar e liberou renda para outros consumos. 

Junto disso, promoveu crescimento econômico sustentado, melhoria social, vida mais saudável e avanços no bem-estar para as populações rural e urbana. E ainda fez do Brasil o maior exportador mundial de alimentos básicos. 

Para impulsionar esse salto agrícola, Paolinelli priorizou o estudo e a pesquisa. Estruturou um sistema de pesquisa agropecuária tropical único no mundo, cujo grande destaque foi a EMBRAPA, a maior empresa de tecnologia agropecuária do mundo tropical, hoje com 2.400 pesquisadores e 42 unidades descentralizadas de pesquisa, 26 delas criadas quando ele era Ministro da Agricultura. 

Ainda como Ministro, criou instituições, políticas e organizações que viabilizaram a modernização da agricultura tradicional. Uma das principais foi o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO), que formulou políticas agrícolas para a região. 

Graças a um enorme aumento de produtividade, a revolução agrícola proporcionou um efeito poupa-terra de 128 milhões de hectares. Com essa eficiência, o Cerrado brasileiro conserva 54% de área com cobertura vegetal natural, sendo que 35% são protegidos por lei e vedado à exploração econômica. 

O Brasil também se transformou em destaque da segurança alimentar mundial, com quase 20% do comércio internacional de alimentos básicos. 

Sua visão de futuro e sustentabilidade interiorizou o desenvolvimento, gerando empregos, aumento de renda e melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) nas regiões de base agropecuária, com elevação de 73% de 1990 a 2010. 

Participou da criação do Proálcool (1975), o primeiro programa mundial de produção em larga escala de combustível renovável a partir de biomassa. Hoje, as emissões neutralizadas pelo programa estão na casa dos 200 milhões de toneladas de CO²/ano, com benefícios para a saúde e bem-estar das pessoas. 

Assim, o conjunto da obra de Paolinelli, que tem o alimento como foco principal, faz dele também um construtor da paz em um mundo marcado por conflitos políticos, econômicos e sociais. Dedicou sua capacidade e sua vida à evolução na produção do que é mais nobre para o seu País e para o mundo. Por essas elevadas razões, a AMAGIS apoia, com orgulho, a nomeação desse ilustre conterrâneo de Bambuí como um nome da paz e do Prêmio Nobel da Paz. 

Atenciosamente, 

Desembargador Alberto Diniz Junior

Presidente da AMAGIS/MG