Foi inaugurado nesta segunda-feira, 15 de julho, no Auditório da Amagis, o Espaço Cultural Itinerante ‘Juiz Diógenes de Araújo Netto’. O evento também marcou o início do Ciclo Literário Luso-Brasileiro promovido pela Emajs. Com a participação de vários familiares do homenageado, a solenidade também contou com presença de diversos associados e associadas, ressaltando a importância da homenagem ao juiz que dá nome ao espaço.
A criação do Espaço Cultural ‘Juiz Diógenes de Araújo Netto’ tem como objetivo principal a promoção da cultura. O espaço será dedicado a eventos culturais, literários e acadêmicos, contribuindo significativamente para a difusão do saber e a valorização das artes e das letras.
Relembrando sua ascendência portuguesa, o presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, falou sobre a importância da proximidade da comunidade lusitana com a Magistratura mineira para discussão de temas culturais. O presidente disse ser necessário celebrar a história do Diógenes de Araújo Netto, um homem que passou por adversidade inimagináveis e jamais desejadas por um magistrado. Ao relembrar a situação vivida pelo homenageado, o presidente disse que, apesar de não ter tido a oportunidade de conviver com o juiz, tem a sorte, na condição de presidente da Amagis, de celebrar a vida dele, que não pode ficar marcada por esse infortúnio. “Deve ficar marcada por sua desenvoltura, bom caráter e exemplo. Temos aqui a oportunidade de compensar uma coisa que foi muito perversa e que, por certo, incomodou muito seus familiares, amigos e aqueles que o conheciam”, afirmou Luiz Carlos.
O presidente agradeceu o interesse e a delicadeza de todos os presentes e de maneira especial ao desembargador Tiago Pinto, que teve a ideia da homenagem. “Tiago é nossa mola propulsora na Emajs e que traz tanta inspiração, leveza, bom-senso e cultura. Este evento, seja do encontro com a comunidade portuguesa quando se celebra Camões, seja da homenagem ao grande e inesquecível Diógenes, nós devemos muito à inspiração do dr. Tiago”, reconheceu o presidente.
Por sua vez, o desembargador Tiago Pinto, conselheiro da Emajs e diretor do Espaço Cultural Itinerante ‘Juiz Diógenes de Araújo Netto’, afirmou ser muito importante esta data. De acordo com ele, duas razões fundamentam a criação do Centro Cultural. Primeiramente, serve como espaço de formação e aperfeiçoamento cultural dos juízes, promovendo sua educação e, em segundo lugar, atende à necessidade de cuidar da formação humana dos juízes. “O Centro Cultural desponta como parte ativa da Emajs, em vias de reconhecimento no Ministério da Educação. A escolha do nome do juiz Diógenes de Araujo Neto é a síntese desta idealização e realização de um lugar de boa formação humana do juiz”, disse o desembargador Tiago.
Ao recordar a história do juiz Diógenes de Araújo Netto, que foi cassado do exercício da Magistratura em 1964 por questões típicas de um período arbitrário, Tiago Pinto falou sobre sua trajetória “helenista e latinista, tradutor consagrado, educador, Diógenes sobreviveu na atividade do magistério ensinando. Em tais circunstâncias, a Amagis, como representante de classe dos juízes mineiros, revisita os registros da história para buscar nas suas fontes a verdade que implica reconhecimento do exemplo de dignidade, de inspiração e de conduta do juiz Diógenes a elevar-lhe o nome ao frontispício do centro cultural”, disse o desembargador.
Durante a homenagem, foi entregue aos familiares uma placa com os seguintes dizeres: “À família do juiz Diógenes de Araújo Netto, a Associação dos Magistrados Mineiros dedica a sua memória a criação do centro cultural que carregará seu nome, espírito e inspiração”.
Agradecimento
Em nome da família do homenageado, Mauro Grossi Araújo, filho mais velho do juiz Diógenes de Araújo Netto, se disse agradecido pela homenagem. “Isso nos traz muita alegria e orgulho de ter o privilégio de ter sido filhos, companheiros e sobrinhos dessa pessoa tão importante para todos nós”, agradeceu. Durante o seu discurso, Mauro citou o poema da linguista, poetisa e escritora, Ana Grossi, neta do homenageado.
Detrás da última Serra seu aceno nos alenta
e aponta da vida as veredas
por onde, apoiados em sua mão generosa e justa,
sigamos em paz os seus passos.
Fica a saudade apertada
entre a alegria das lembranças e o alicerce das
obras suas,
que à beira dos caminhos
ensinam a nós, peregrinos sempre na caminhada,
onde encontrar o sorriso.
Flávia Grossi Araújo, filha do juiz Diógenes de Araújo Netto, expressou sua alegria com a homenagem ao seu pai. "De fato, a gente fica muito feliz com a homenagem. Já se passaram muitos anos do falecimento do papai, mas ele era um homem das letras e um humanista. Ele era um homem que acreditava que a educação rompia barreiras, obstáculos, e que era um caminho de construção humana e viável. Então, ele passou isso para todos nós," disse Flávia.
Ela também destacou a influência do pai na família, composta por seis filhos, dos quais quatro se tornaram professores. "Nós aprendemos com ele esse amor pela educação e pela cultura. A gente fica feliz porque sabe que, principalmente, um espaço itinerante vai permitir que muitas pessoas tenham a oportunidade de ver renomados acadêmicos palestrando pelas Minas Gerais e levando o que ele acreditava ser verdadeiro e real na vida de cada um: o amor pela cultura, o amor pela educação, a justiça e a liberdade."
O diplomata Miguel Jerônimo, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil-MG e o Cônsul de Portugal em Belo Horizonte, Eurico de Matos, participaram do evento e parabenizaram a Amagis pela iniciativa do Ciclo Literário Luso-brasileiro promovido pela Emajs. Para eles, essa aproximação com a comunidade lusitana é importante para o fortalecimento dos laços culturais e literários entre Brasil e Portugal e permitindo o intercâmbio de ideias.
O evento contou também com as presenças do ex-presidente do TJMG, desembargador, José Fernandes Filho; do deputado Federal Patrus Ananias; do presidente do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, Jean Carlos Fernandes e do diretor do Instituto Cultural Amilcar Martins, Amilcar Martins Viana Filho.
A professora Antonieta Cunha, integrante da Academia Mineira de Letras, infelizmente não pôde participar do evento devido ao tratamento de recuperação de uma pneumonia. Ela abordaria a poesia lírica de Luís Vaz de Camões em sua palestra, que será reagendada em data oportuna.