A turma da Magistratura mineira de 1987 celebra neste mês de maio, 37 anos de ingresso no curso de formação da Ejef. O presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, parabeniza os integrantes da turma, composta de magistrados e magistradas competentes e íntegros que, há quase quatro décadas, trabalham em prol da Magistratura e da sociedade.
Integrante da turma, o juiz Adelardo Franco de Carvalho Júnior, titular 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da comarca de Oliveira, encaminhou texto para celebrar a data e homenagear os colegas da turma.
“Meus caros colegas da turma de 1987; meus caros Desembargadores José de Carvalho Barbosa e Wagner Wilson Ferreira; remanescentes em atividade.
Reza a lenda que um novo juiz, além de ser um juiz novo, assumiu uma comarca do interior. No dia da mudança recebeu um advogado que mencionou entender o incômodo do pedido fora de hora, mas era urgente, etc...
O juiz complacente anuiu para com o pedido, que consistia em despachar uma carta precatória. Trancou-se no cômodo da casa destinado a ser o escritório. E aí, quedou-se, perplexo. O que fazer com aquilo? Foi aos códigos, mas nada feito. Eles se punham silentes sobre o procedimento a tomar. Depois de muito tentar, sem resultado, já preocupado, ligou para um amigo, mais experiente, de comarca próxima e obteve a solução. Disse-lhe o amigo:
- Escreva “cumpra-se”
Como se vê, este juiz, tal como os da nossa turma, era de tempos quase sem EJEF. A nós, nos foi dado um curso consistente, em sua quase totalidade, em poucas aulas e palestras de desembargadores, sob temas mais complexos.
Nossa “Ejef” era o nome da Comarca, escolhida, em parte, pelo apontamento de um deputado majoritário na região. O prefeito de Itanhomi, onde assumi, já como titular, como todos os outros desta turma, me disse que o deputado apontou uma lista de nomes com três juízes. Ele “escolheu” o meu nome; que ele julgou grande e imponente, e por isto, meu destino foi Itanhomi. Assim reza a lenda.
Fadado o relato a ser realmente lenda. Ao que me lembro, escolhi uma comarca dentre as disponíveis e o TJMG me designou para lá.
Eram também os tempos dos salários sem data, para percepção. Normalmente chegavam em meados do mês, não me lembro se referentes ao mês em curso ou ao anterior. Nas comarcas onde havia agência do extinto Bemge, havia um convênio com o TJMG ou com o governo do estado para antecipação do pagamento.
As posses eram individuais, no gabinete do Presidente, a medida em que chegávamos para elas. A parte administrativa nos era dada, principalmente, pelo Doutor Lakowsky Dolga, de fleuma e postura britânicas.
Era, enquanto nos orientava sobre tudo, incansável na sua postura de lord inglês. Crivado por uma saraivada de perguntas; respondia a todas e o máximo que chegou de perder a paciência, foi com a seguinte resposta, diante de uma nova pergunta repetitiva:
Disse ele:
-Já respondi a esta mesma questão, por exatas seis vezes, responderei agora pela sétima vez, com o máximo prazer!
Ocorre que éramos um bando de neófitos, no mais amplo e benigno aspecto do vocábulo. Nosso açodamento era fruto de uma vitória de aprovação em um árduo concurso. O gosto da recompensa, o desconhecimento da nossa parte dos trâmites internos do tribunal, a extraordinária responsabilidade que nos aguardava. Isto tudo nos levava a um turbilhão de emoções. Estávamos ansiosos.
Hoje caros colegas, em um átimo, passamos da transposição do limiar dos portais do Egrégio TJMG, ao assumir a difícil e gratificante função de Juiz de Direito, para outra transposição do mesmo limiar, agora completando o exercício da função. Ou prestes a fazê-lo.
A transposição de agora contempla não mais jovens que explodiam de emoção pelo desafio do novo. Mas pela emoção do dever cumprido, de dificuldades superadas. Pela emoção de aprendizado e ensinamento.
Mas, acima de tudo com a emoção de ter combatido o bom combate, todos nós. Com a convicção de ter honrado um tribunal que há mais de três décadas nos disse qualificados para exercer esta função. Tornamo-nos, com nosso trabalho, profícuo, exaustivo e gratificante, pelo bem que ele decorre, dignos deste mesmo tribunal, digno dos homens deste tempo e desta instituição.
Abraço respeitoso e carinhoso, aos colegas todos desta turma, tanto quanto abraço a memória dos que já nos deixaram. Parabéns colegas e vamos em frente, Deus nunca desamparou aos que vão em missão de paz.”
Veja os integrantes da turma:
Adalberto Ribeiro Júnior
Adelardo Franco de Carvalho Júnior
Albertino de Souza Pereira Filho
Alzira Gonçalves da Silva
Antônio Carlos Ribeiro
Avenir Passo de Oliveira
Célio Alves da Costa
Celso Bernardes de Souza
Cláudio Manuel Barreto de Figueiredo
Dalton Boson Benvindo
Elísio Lage
Eudes Baltazar Lino Campos
Eunice de Oliveira Batista
Fábio Maia Viani
Francisco Eclache Filho
Gelásio Marinelli Megale
Geraldo Senra Delgado
Geraldo Vitorino dos Santos
Hélio Ribeiro Landi
Ildeu Araújo de Oliveira
Ivan de Macedo
João Otávio de Noronha*
José Antônio Braga
José de Carvalho Barbosa
José Irineu da Silveira
José Roberto Sterse
Josué Neves
Laércio Cristiano Viana
Luiz Guilherme Marques
Márcia Balbino de Almeida Lima
Marco Aurélio Lyrio Reis
Marco Túlio Silveira Isaac
Maria Myrthis Caleiro
Mário César Azambuja
Maurício Moreira de Castro
Reneuda Bezerra Moreira
Roberto Silvestre Bento
Selma Maria Marques de Souza
Tarcísio Alves da Fonseca
Wagner Wilson Ferreira
Wellington Pimentel Cardoso
*não aceitou nomeação (informação da Magistratura)
A Amagis está compilando todas as turmas da Magistratura mineira. Ajude-nos a eternizar esse registro tão importante.
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