Os amigos e familiares se despediram do desembargador Aloysio Pereira Nogueira, falecido na semana passada e sepultado nesta segunda-feira, 29, em Belo Horizonte. O desembargador aposentado José Marrara prestou homenagem ao amigo, num texto em que destaca a trajetória pessoal e profissional do magistrado. Leia abaixo:
Meus Senhores; Minhas Senhoras
Caro amigo e sempre lembrado companheiro,
Des. Aloysio Pereira Nogueira
Aqui estamos nós, pranteado Desembargador Aloysio Pereira Nogueira, os vanguardeiros da magistratura mineira, para sepultar com você, nesta hora mística da existência humana, os dois maiores tesouros que nos restam, para lembrar Latino Coelho: A ciência e a fé, suportes básicos de nossa existência profissional, que sempre procuramos, juntamente com você, colocar “mais alta que a Coroa dos Reis e tão pura quanto a Cora dos Santos”, para recordar uma estilha de Ruy Barbosa, o sol da intelectualidade brasileira.
No culto da ciência jurídica você foi, em vida, o ícone da sabedoria humana, deixando gravada em nossa mente votos lapidares de magistrado de alto coturno, recheados de sabedoria haurida ao longo de sua carreira, de quem soube fazer da pena e do cérebro a presença da ciência jurídica e a grandeza dos valores eternos, espalhando, aos quatro ventos, no exercício fecundo da magistratura, aquela paz social de que falava Hans Kelsen.
No culto da fé, você sabia com palavras mágicas de iluminado sábio, contornar as peripécias e os debates humanos, com o forte credo do amor ao próximo, dentro daquela notável linha de sua estrutura intelectual, moral e espiritual, a serviço da própria humanidade.
Cidadão de seu porte e de seu nível, caro Aloysio, você deveria ser sepultado de pé, como Clemençau, da velha frança, “com o coração acima do estômago e o cérebro acima do coração”, para lembrar aquelas sedutoras palavras de Paulo Pinheiro Chagas, no sepultamento de João Pessoa, de saudosa memória.
Mas você será sepultado, não de pé, como Clemençau, mas na horizontalidade, que sempre foi a nota marcante de sua magnífica trajetória, espargindo sempre às luzes benfazejas de sua cultura jurídica, de seu coração humano e de sua alma sempre afinada com os altos desígnios da Providência Divina.
Esposo extremoso, pai carinho, avô risonho, sogro amigo, leve consigo para eternidade aquelas palavras sábias de Jean Cocteau, notável pensador francês: “O verdadeiro túmulo dos mortos não é o cemitério, mas o coração esquecidiço dos vivos”.
Dentro desta perspectiva, você não será sepultado nunca, porque a imagem do companheiro amigo e fraterno estará sempre gravada no coração de cada um de nós, seus companheiros de luta e de ideal.
Vai, Aloysio, vai em paz, porque conosco fica a visão realística do grande mestre que você foi para todos nós, que o tempo, com sua tesoura de aço, como dizia Humberto de Campos, não conseguirá podar de nossas mentes e de nossos corações.
Vai, pois, em paz!
Desembargador José Marrara