MACEIÓ — Responsável pela acusação no julgamento do duplo homicídio do empresário Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, o promotor Marcus Mousinho encaminhou à Justiça nesta sexta-feira pedido de anulação do julgamento, que aconteceu na semana passada. O promotor alega que o marido de uma jurada se sentiu ameaçado após ser seguido por um carro preto pelas ruas de Maceió um dia antes do resultado do julgamento. A jurada quebrou incomunicabilidade com os outros jurados e informou o fato. Isso, de acordo com o promotor influenciou o resultado do júri, que absolveu os quatro réus acusados no crime, por clemência.

O marido da jurada estava com o bebê do casal na cadeirinha. A perseguição só terminou quando o marido desviou a rota e parou na esquina de uma delegacia.

— Houve terror e medo e isso influenciou no julgamento — disse Mousinho. — Se eu tenho um carro me perseguindo, saio pelas ruas e o carro continua atrás, fica me observando, é claro que eu vou ligar uma coisa a outra, disse o promotor.

Ele vai pedir as câmeras de seguranças espalhadas pelas ruas de Maceió onde aconteceu a suposta perseguição para fundamentar a ação.
— Se a Justiça acatar a anulação do júri, um novo julgamento não vai acontecer este ano porque a defesa vai recorrer ao STF ou STJ — informou Marcus Mousinho.

Os quatro réus, que eram seguranças de PC Farias na época do crime, foram absolvidos por maioria dos votos (4 a 3), apesar de reconhecerem que houve duplo homicídio. Ou seja: descartaram a tese de crime passional (Suzana matou PC e se matou).

— Não tem mais como encontrarmos o assassino. As provas foram sepultadas no dia do crime — disse o integrante do MP.

(O Globo Online)