Ao longo de seu fecundo desempenho, marcado pela ponderação, Vaz de Mello não se embeveceu pelas elevadas funções que exerceu.
Tornou-se um luminoso e vertical itinerário de retidão, convertendo-se num símbolo de conciliação, sendo admirado em todas as comarcas onde cumpriu o seu ofício com desassombro e firmeza.
Daí o conceito que amanhou junto aos advogados e jurisdicionados, como o juiz sóbrio, sempre disposto a ouvir aos que a ele recorriam, sem sofrer influência de qualquer natureza.
Como presidente dos Tribunais de Justiça e Eleitoral, curvou-se somente aos ditames de sua consciência, resistindo às eventuais pressões, assegurando a todos um tratamento isonômico, que concorreu para a sua permanente autoridade.
Havendo exercido transitoriamente o Executivo estadual, em substituição ao governador Hélio Garcia, Vaz de Mello dignificou o Poder que representava, sem se deslumbrar com a função em que fora investido.
Foi comemorado, no dia 3 do corrente, o centenário do desembargador Edésio Fernandes, referência maior do nosso Judiciário, cuja vida foi um exemplo constante de nobreza e respeitabilidade.
Tudo quanto possa ser dito a seu respeito, pela altivez com que desempenhou sua função, ainda será pouco, ante o que realizou.
Edésio Fernandes, na mocidade, foi combativo líder estudantil e presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Como cidadão e professor, ensinou, sobretudo, pelo exemplo, pela modéstia, não se extasiando com o prestígio que adquiriu, mercê de sua formação humanística, jurídica e ética.
O tratamento que conferiu aos grandes e pequenos, na função judicante, com compreensão e bondade, explica as deferências que lhe foram tributadas quando de seu falecimento (14/12/1980), que não podem se perder na bruma do tempo.
Edésio Fernandes e José Norberto Vaz de Mello – juízes de uma mesma geração, amigos e admiradores mútuos, padrões de ética e civilidade – devem ter os seus nomes perpetuados pela contribuição admirável que deram a Minas Gerais, servindo de protótipos aos magistrados pelos princípios que sustentaram.
Partiram, sim, mas reafirmando-se na serena sublimação de seus atos e de seus exemplos.