Luiz Guilherme Marques, juiz de direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora

(Dedico este artigo a Reynaldo Ximenes Carneiro, José Fernandes Filho, Márcio Aristeu Monteiro de Barros e Jane Ribeiro Silva)

Muitos inventos são, na verdade, simples e servis cópias de mecanismos que existem na Natureza, dentre os quais a injeção, que se baseou nas presas das cobras venenosas.

O ser humano está cada vez menos convivendo com a Natureza, empolgado com o Cientificismo e a Tecnologia e dominado pela arrogância, em contradição com as lições, por exemplo, de mestres da Sabedoria Verdadeira, tal qual a guru indiana Amma, que aconselha a integração maior possível com os demais seres vivos e inanimados, numa verdadeira comunhão universal.

O exemplo dos animais - que convivem em harmonia, muito mais que nós, os quais somente atacam uns aos outros sob o domínio excruciante da fome e em nenhuma outra situação – ainda não chegou a nos sensibilizar e mobilizar, porque vivemos isolados em partidos, famílias, grupos, países, seitas e correntes, distanciados por força do egoísmo irracional e do medo de perdermos privilégios que usurpamos à Democracia e à Igualdade.

Apesar de todas as pregações filosóficas de Sócrates a Rousseau e outros progressistas e democratas, da Revolução Francesa e seu ideário, dos avanços da Política e do Direito, dos ensinamentos dos religiosos mais clarividentes e da experiência das guerras devastadoras e desastres naturais de grandes proporções, apenas ensaiamos timidamente as obras sociais, contentando-se normalmente cada cidadão em viver mergulhado no seu “pequeno mundo” de trabalho e lazer, que engloba a família e poucos amigos, enquanto que poderia estar envolvido nas causas coletivas, benéficas para grandes comunidades.

Depressivos, neurotizados, dependentes químicos, egocêntricos, ensimesmados, envelhecidos prematuramente e uma série de seres sofredores por opção infestam as cidades grandes e os vilarejos, pesando na economia psíquica das coletividades onde vivem, distraídos quanto à pujança da Vida, que renasce à cada dia e conclama todos ao trabalho coletivo e à convivência socialmente útil.

É preciso acordar essa multidão de sonâmbulos morais para a participação em tudo que signifique Utilidade Coletiva.

Enquanto isso, outros e outras - que poderiam estar cochilando em redes confortáveis ou aparvalhados pela ociosidade ou pelo desinteresse de tudo - multiplicam oportunidades e acontecimentos como jovens eternos que são, mesmo sendo sexagenários, septuagenários ou mais.

Esses últimos são exemplos que dignificam a espécie humana e que deveriam estar nas primeiras páginas dos jornais no lugar das personalidades medíocres e vulgares, que lutam por uma evidência que jamais mereceram.

Meus respeitos sinceros aos homens e mulheres que pensam nas outras pessoas e realizam por elas até o momento em que deixam de ser vistas pelos nossos olhos de carne e passam a brilhar no céu entre as estrelas mais brilhantes das noites claras.