Autores: Luiz Guilherme Marques (juiz de direito) e Marisa Machado Alves dos Santos (psicóloga)

(Dedicamos este artigo a Reynaldo Ximenes Carneiro)

O Direito é uma das ciências mais antigas, surgido nos primórdios da humanidade, quando começaram as disputas entre pessoas, desavindas em função do início da ideia de propriedade, daí passando a desdobramentos até chegar a ser o que é hoje, ou seja, um imenso tecido que abrange situações as mais variadas da vida das pessoas individual e coletivamente consideradas.

Somente há pouco mais de dois séculos surgiu a Psicologia, quando já alcançado um patamar razoável de evolução humana, a partir da ideia de que a mente é um ente relevante e que deveria ser analisado e conhecido fora das doutrinas estritamente religiosas.

A proposta do Direito é, em outras palavras, a organização da sociedade, inclusive através da coerção dos inadaptados, que passam à obediência através de punições de variadas naturezas, sendo a mais grave o encarceramento.

A Psicologia pretende curar os desajustes da mente através do conhecimento de suas causas e a renovação das propostas de vida dos pacientes, passando a pensar e viver sadiamente.

Há casos graves de desajustes em que o cidadão se mostra indócil a ponto de necessitar do tratamento da Justiça, infelizmente não havendo outra forma de induzi-lo ao respeito aos direitos alheios, tanto quanto há casos mais brandos, em que a própria interação terapêutica com os profissionais de Psicologia é suficiente para a cura.

Em casos, por exemplo, como o de alienação parental é preciso verificar-se as situações uma a uma, a fim de, ao mesmo tempo, impedir-se a continuidade do processo desajustador e fazer cessar a situação de injustiça tramada e executada contra o alienado. A atuação da Justiça e da Psicologia deve ser ponderada pelos operadores do Direito e da Psicologia com grande senso de justiça e grande conhecimento do novel instituto jurídico, que representa verdadeira epidemia de gravíssimas consequências.

O ideal seria a participação de psicólogos em todos os feitos judiciais em que se detectasse sua necessidade, para que não somente se julgassem as questões jurídicas, mas também se diluíssem novas lides, ocasionadas pelo desajuste evidente de pelo menos um dos litigantes.

A interdisciplinaridade é um dos tópicos mais importantes no estudo das ciências e deve sê-lo no exercício das atividades estatais. A excessiva especialização gera resultados incompletos, com prejuízo para os cidadãos.

A função estatal da Justiça carece de aperfeiçoamentos, por exemplo, passando a levar em conta as mais recentes descobertas da Psicologia, tanto quanto esta última ganhará com o conhecimento da terapêutica aplicada pela Justiça.

Nos cursos jurídicos e nos de Psicologia, bem como nas atividades de ambas as profissões, a troca de informações e a atuação conjunta nos casos possíveis representarão progresso e utilidade.

Através de artigos e diálogos com pessoas das duas áreas vamos divulgando a ideia da irmandade entre esses dois importantes ramos do Conhecimento, tentando motivar os teóricos e os práticos de ambos para que conheçam os avanços mais recentes um do outro.

Devemos dar as mãos uns aos outros nesta luta em favor do bem-estar dos cidadãos, que necessitam da ajuda de juristas e psicólogos para viver em harmonia interna e externa.