* Juiz Luiz Guilherme Marques
Cada época é propícia a certos temas, sendo que os fatores determinantes para cada realidade representam o resultado do desenvolvimento já consolidado, passando-se a uma realidade nova quando as pessoas estão maduras para vivê-la. Assim é que, verificando-se que a Tecnologia não satisfaz plenamente as necessidades morais-espirituais, surge a procura pela realização moral-espiritual.
É o que acontece presentemente, quando, superada, em grande parte, a contingência do trabalho braçal, muita gente tem mais tempo livre para refletir, o que ocasiona o encontro de cada um com a própria intimidade psicológica, esta que se encontra sob a supervisão categórica da Consciência (entendida no sentido religioso, ou seja, aquele ponto de contato entre o ser humano e a Divindade).
Como os ocidentais em geral não se preparam para esse tipo de esforço, a autoanálise propositada, pregada já nos tempos socráticos, emerge, para muitos, do fundo do inconsciente como “complexo de culpa”, gerando sofrimentos morais, que, se não tratada a causa, podem ocasionar doenças psicossomáticas.
O que se pode fazer é consolidar o hábito da reflexão como prioridade para o dia-a-dia. Assim feito, os “fantasmas interiores” passam a ser analisados com tranquilidade.
Essa análise pode ser feita com a ajuda de profissionais da Psicologia.
Ao lado do hábito da autoanálise, devem ser lembrados alguns requisitos para se viver bem: contato permanente com a Natureza, de preferência através de atividades físicas; dedicação ao autodesenvolvimento intelecto-moral-espiritual e atividades úteis ao meio social onde se vive.
Existe uma natural dificuldade humana em encontrar o “ponto de equilíbrio”, ou seja, aquela situação ideal, onde não há nem excesso nem falta. Todavia, essa procura deve ser permanente, uma vez que a evolução faz sempre mudar de lugar esse ponto, colocado cada vez mais alto.
Quando se fala em qualidade de vida muita gente pensa em mais conforto, mais comodidade, menos esforço físico e mais “mordomias”. Entretanto, maior qualidade de vida, para as pessoas ligadas às grandes Causas da Humanidade, se traduz em maior convergência das atitudes diárias em relação às exigências conscienciais.
Assim é que pessoas como Gandhi, por exemplo, servem de modelo para quem pretende sair do lugar comum da acomodação trabalho-família-interesses materiais e passar a viver com maior e plena realização pessoal.
Muitas biografias existem desse grande filósofo, mas a melhor leitura é dos seus próprios escritos, que destacam a transparência daquela Grande Alma.
Fórmula melhor, pela sua amplitude, do que o autoconhecimento não existe.
Cada um pode seguir adiante por essa rota, que sua qualidade de vida chegará ao máximo, dentro da relatividade individual e dentro das naturais limitações humanas.
* Luiz Guilherme Marques é juiz de direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora-MG