O Magistrado Conciliador
Desembargadora Ângela de Lourdes Rodrigues
O tempo possui múltiplas temporalidades para cada pessoa. Quem espera algo fica ansioso e qualquer que seja o tempo que se aguarda parece durar uma eternidade. Entretanto, para aqueles que de quem se espera, o tempo passa ligeiro, parece fugir ao controle, tão veloz é sua passagem.
Tal como o tempo, a Justiça possui múltiplas faces. De um lado, o Jurisdicionado que aguarda a decisão de seus conflitos e, de outro, o magistrado, sobrecarregado com as muitas funções e a escassez do tempo. É preciso encontrar uma maneira de conciliar esse conflito. O magistrado conciliador se dispõe a auxiliar. Apesar dos incontáveis anos dedicados à magistratura, dos vários compromissos existentes no seu dia a dia, o magistrado conciliador traz a esperança da solução amigável e da pacificação social dos conflitos dando exemplo de cidadania e solidariedade.
Magistrado conciliador é o desembargador ou juiz aposentado que se dispõe a contribuir com a Justiça, oferecendo voluntária e gratuitamente sua experiência e notório saber jurídico para a realização de audiências de tentativa de conciliação. O descanso descompromissado e o conforto da residência junto aos seus entes queridos cedem lugar ao compromisso de hora marcada incluído na agenda de audiências que assume o compromisso de cumprir. A análise dos processos, o deslocamento até o fórum e a escuta atenciosa dos envolvidos no conflito, agora, fazem parte de suas vidas novamente.
Não importa quantos anos de trabalho já foram cumpridos e quantos dias e horas terá que comparecer ao fórum para realizar as audiências incluídas em sua agenda pessoal. A partir de então, a liberdade e descompromisso com os horários cedem lugar ao agendamento de dias e horas. Férias programadas e ausências justificadas.
Pergunta-se qual a razão de tudo isso? Acredita-se que seja a vocação para a magistratura. Além do notório saber jurídico e experiência, o magistrado conciliador disponibiliza a doação de seu tempo, dedica-se de forma desprendida e abnegada na luta diária pela distribuição da Justiça. O que importa é a busca de solução amigável, a célere e eficaz prestação jurisdicional. É escolha de uma nova vida dedicada ao outro. Parabéns aos magistrados conciliadores pelo saber, sabedoria e solidariedade!