O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai realizar, de 24 a 27 de fevereiro, na sede do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), em Salvador, o 2º Fórum Nacional de Alternativas Penais (Fonape), cujo tema será “Audiência de Custódia e a Desconstrução da Cultura do Encarceramento em Massa”. O evento vai discutir e propor políticas para o aprimoramento da atuação dos magistrados nas audiências de custódia. Elas consistem na apresentação, ao juiz, de toda pessoa presa em flagrante ou por mandado de prisão em até 24 horas.

Luiz Silveira / Agência CNJ

O 2º Fonape é organizado pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do CNJ. Essa segunda edição contará com o apoio institucional do TJBA.

O evento tem como público alvo juízes, servidores do Judiciário, integrantes dos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMFs) dos tribunais, membros do Ministério Público, advogados, representantes da Defensoria Pública e gestores da Administração Penitenciária.

Na abertura do fórum, o CNJ será representado pelo conselheiro Bruno Ronchetti, supervisor do DMF. Na ocasião, será realizada a conferência do comissário James Cavallaro, vice-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), sobre o tema “O (mau) uso das prisões provisórias nas Américas: a importância de um diálogo com a CIDH”.

Ministro Lewandowski - No dia 26, as atividades contarão com a presença e a intervenção do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que vai apresentar palestra intitulada “Cultura do encarceramento e audiência de custódia”. No dia 27, a conferência de encerramento do evento, com o tema “O estado de coisas inconstitucional e o sistema carcerário: construção dogmática ou pragmática?”, será realizada pelo professor titular de Direito Constitucional da Unisinos, Lenio Luiz Streck.

As inscrições para o 2º Fonape serão abertas em fevereiro, quando os Tribunais de Justiça (TJs) e os Tribunais Regionais Federais (TRFs) deverão indicar, para participação, os juízes coordenadores dos respectivos GMFs e também os responsáveis pelas audiências de custódia em nível local.

Durante o evento, haverá mesa redonda, palestras, painéis e oficinas. Ao final, uma plenária vai aprovar enunciados destinados a balizar a atuação dos magistrados nas audiências de custódia, que começaram a ser implantadas no país em fevereiro de 2015 por meio de experiência piloto no município de São Paulo, em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). Desde então, o ministro Ricardo Lewandowski participou, no ano passado, da implantação das audiências de custódia em todas as capitais do país.

Direitos violados - Durante as solenidades de lançamento do projeto, o ministro sempre reiterou a importância das audiências de custódia para mudar a cultura do encarceramento existente no país, já que 40% dos 600 mil detentos da população carcerária é formada por presos provisórios (ainda não julgados). Muitas dessas pessoas são acusadas de crimes que, em caso de condenação, não preveem o cumprimento da pena em regime fechado. Essa realidade, na visão do presidente do CNJ, viola direitos e onera os cofres públicos.

Por meio das audiências de custódia, os juízes têm a oportunidade de reservar o encarceramento a acusados que representem ameaça e risco concreto à sociedade. Por sua vez, os que são autorizados a responder ao processo em liberdade são obrigados a cumprir medidas cautelares diversas da prisão, como, por exemplo, o uso de tornozeleiras eletrônicas, o comparecimento periódico ao juízo e a proibição de se ausentarem da comarca sem autorização judicial. Em todo o país, a média de concessão de liberdade provisória é de 50% dos casos levados às audiências de custódia.

Fonte: CNJ