A comunidade de Inhapim, no Vale do Mucuri, se uniu para impulsionar a implantação da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) da comarca, durante audiência pública, realizada nesta quarta-feira, dia 24 de abril, no fórum da cidade.
A iniciativa partiu da juíza da 1ª Vara, Sibele Cristina Lopes de Sá Duarte, com o objetivo de dar maior visibilidade ao método de reinserção de sentenciados à sociedade.
A audiência reuniu cerca de 30 pessoas, entre prefeitos da região e representantes das cidades integrantes da comarca, Inhapim, Iapu, São Sebastião do Anta e Bugre, de representantes da Polícia Militar e de organismos de serviço social, recuperandos, diretoria, voluntários e funcionários da Apac, além do promotor da comarca, Marcelo Magno Ferreira e Silva.
No encontro, eles foram apresentados ao método apaquiano de ressocialização de detentos e tiveram a oportunidade de ouvir o testemunho de dois recuperandos da Apac de Inhapim, um do regime fechado e outro do semiaberto.
Os reeducandos falaram sobre a importância do tratamento diferenciado, causando grande emoção aos presentes. Os participantes da audiência ainda tiveram oportunidade de saborear os produtos produzidos na padaria da associação, como coxinhas e pizzas.
Reivindicações
A juíza Sibele Cristina aproveitou a oportunidade para pedir que toda a comunidade da comarca se comprometa com o sucesso da iniciativa. Entre as reivindicações de melhoria apresentada pela magistrada está o asfaltamento da estrada vicinal que liga a rodovia à sede da associação.
“Esse método é diferente do sistema carcerário convencional, pois é baseado na confiança, no respeito e na humanização da pena. Na porta está o recuperando com as chaves. Ele poderia fugir, mas não, é ele quem nos recebe”, disse.
A magistrada deixou muito claro também que acredita na metodologia Apac e irá se empenhar para que a unidade de Inhapim se torne referência em sua gestão. Disse para os participantes que é um privilégio ter uma associação na Comarca.
“Apac não é hotel, mas local onde a pessoa tem a oportunidade de se reeducar e recuperar, através de um método de valorização humana e profissionalização”, concluiu.
Fundação
A Apac de Inhapim foi fundada em 18 de junho de 2003, com capacidade para acolher 80 recuperandos, 60 no regime fechado e 20 no regime semiaberto. A associação conta com uma terapêutica intensa, baseada na valorização humana.
Com uma rotina diária que inicia às 6 da manhã e finaliza às 22 horas, todos os detentos estudam, trabalham e são corresponsáveis de sua própria recuperação.