Ao ser ouvido, o fazendeiro alegou que passou a portar arma porque se sentia ameaçado e que foram os assentados que deram início a confusão, que terminou em massacre. Ele ainda assumiu que atirou contra as vítimas após ser ameaçado e agredido. No entanto, Chafik garantiu que acredita que o disparo não atingiu o homem que o agrediu.
Além do fazendeiro, Washington Agostinho da Silva, também é julgado nesta quinta. No começo da sessão, o julgamento de outros dois réus do caso foi desmembrado. Com a mudança, Francisco Rodrigues e Milton Francisco de Souza só irão à júri somente no dia 23 de janeiro de 2014. O novo adiamento foi acatado pelo juiz Glauco Soares Fernandes, após solicitação da defesa de Chafik.
O júri, que estava marcado para começar às 8h30, só foi iniciado por volta de 9h30. Dois homens e cinco mulheres formam o Conselho de Sentença no salão do 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A primeira testemunha a ser ouvida foi a de acusação, Wilton Soares. A segunda foi de defesa, José Aílton.
Se condenados, Chafik e Washington podem responder por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e por terem incendiado o acampamento Terra Prometida, instalado na fazenda Nova Alegria.
O crime
A "Chacina de Felisburgo" acorreu em 20 de novembro de 2004, no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - foram assassinados e outras 12 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças.
As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa. O fazendeiro Adriano Chafik, principal réu do processo, confessou ter participado do crime, mas poucos dias depois conseguiu, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.
As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias.
Quase nove anos depois da chacina, as famílias ainda vivem no assentamento e aguardam que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). (*Com informações do TJMG)