A Comarca de Abaeté, na região Oeste do estado, fez uma homenagem ao advogado Ariosvaldo de Campos Pires, falecido no ano de 2003, dando seu nome ao Salão do Júri da Comarca, sua cidade natal. O juiz Fábio Magrini, membro do Conselho Deliberativo da Amagis, participou da solenidade realizada nesta terça-feira, 12/9, representando o presidente da Associação, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos.
O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, também participou da solenidade, ao lado do corregedor-geral de Justiça de Minas Gerais, desembargador Luiz Carlos Corrêa Júnior; do desembargador José Eustáquio Lucas Pereira; do juiz auxiliar da Presidência Eduardo Gomes dos Reis; e do secretário de Governança e Gestão Estratégica do TJMG, Guilherme Augusto Mendes do Valle. O diretor do foro de Abaeté, juiz Bruno Dias Junqueira Pereira, e juízes da comarca também participaram o evento além representantes dos poderes públicos do município, Ministério Público, OAB, servidoras e servidores, familiares e amigos do homenageado.
O prédio do novo Fórum Doutor Edgardo Cunha Pereira, de Abaeté, foi inaugurado em março do ano passado e a homenagem ao advogado Ariosvaldo de Campos Pires foi iniciativa do presidente José Arthur Filho, por meio da Portaria 5.837/PR/2022. Ariosvaldo Pires foi sogro do desembargador José Arthur.
Em seu discurso, o desembargador José Arthur citou trecho de um artigo publicado na Revista Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, pela professora Sheila Jorge Selim de Sales, docente na área de Direito Penal, ex-aluna e colega de Ariosvaldo de Campos Pires.
“Ela expressa sua admiração pelo advogado e recupera momentos marcantes da trajetória dele. Reconheço nos escritos da professora a grandiosidade do homem que o doutor Ariosvaldo de Campos Pires foi, e as palavras dela me trazem uma miríade de lembranças, pois tive o privilégio de ter convivido de perto com esse notável abaetense. Além de grande respeito profissional, tenho por ele profunda gratidão, pois ele me recebeu como a um filho, juntamente com sua companheira de vida, a quem chamava carinhosamente de Mara, quando me casei com Maria Fernanda, tornando-me assim seu genro”, ressaltou o presidente José Arthur Filho.
O diretor do foro de Abaeté, juiz Bruno Dias Junqueira Pereira, disse que a homenagem a Ariosvaldo de Campos Pires tem especial relevância para Abaeté, segundo ele, terra de inúmeros filhos ilustres na área jurídica, que tanto contribuíram para a evolução do Direito nos cenários estadual e nacional.
“Certamente não haveria nome melhor para o Salão do Júri do novo Fórum da Comarca do que o do doutor Ariosvaldo de Campos Pires, conhecido entre alguns de seus pares como ‘príncipe dos criminalistas’ e notoriamente reconhecido como um dos maiores oradores do país na tribuna do Júri”, pontuou.
O desembargador José Eustáquio Lucas Pereira, nascido em Abaeté, saudou os presentes e mergulhou no passado do município, onde disse ter testemunhado calorosos debates que tiveram como protagonista o advogado Ariosvaldo de Campos Pires.
"Eram debates de alto nível com teses esplêndidas que contribuíram muito com a nossa formação. Participar de um Tribunal do Júri em Abaeté, com a presença de Ariosvaldo, era algo indescritível, um grande espetáculo no qual as pessoas recebiam senhas para poder entrar no fórum, pois ninguém queria perder a oportunidade. Ele incentivava os alunos, ainda que muitos sequer já estivessem na faculdade, a se debruçaram sobre os livros de Direito para serem os melhores advogados ou juízes", afirmou.
O oficial de Registros de Imóveis de Coromandel e filho do advogado Ariosvaldo de Campos Pires, Ari Alves de Pires Neto, destacou a importância do pai no mundo jurídico. Também falou sobre a relação de amizade e profissional que Ariosvaldo manteve com o pai do presidente José Arthur Filho, o ex-presidente do TJMG, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira.
"É uma grande emoção para a minha família, que vê como a memória de Ariosvaldo de Campos Pires está sendo eternizada na cidade onde ele nasceu e amou. Esta homenagem é importante para os nossos antepassados, mas, principalmente, para os nossos descendentes, que saberão quem foi meu pai. Infelizmente, ele partiu precocemente, há 20 anos. Sentimos muito na época, mas percebemos que ele conseguiu atingir todos os seus objetivos pessoais e profissionais ainda em vida", observou Ari Alves de Pires Neto.
Trajetória
Nascido em Abaeté em 17 de maio de 1935, Ariosvaldo de Campos Pires formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1959. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no estado; conselheiro federal da OAB; presidente do Conselho Penitenciário de Minas Gerais; procurador-geral do Município de Belo Horizonte; presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça; diretor da Faculdade de Direito da UFMG; e membro da Academia Mineira de Letras.
Publicou diversos artigos e livros, ganhou diversas condecorações e foi membro de várias comissões para a elaboração de leis. Mas, para além do seu conhecimento jurídico, destacou-se por sua postura ética e por seu espírito solidário e humanista. Ariosvaldo de Campos Pires faleceu em 12 de novembro de 2003. (Com informações e fotos do TJMG)