Paraty, no Rio de Janeiro, está fora do páreo, e o conjunto modernista da Pampulha, em Belo Horizonte, é agora o único candidato brasileiro ao título de patrimônio da humanidade concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Estamos confiantes e animados, pois nossas chances aumentaram. Ao contrário da cidade fluminense, cujo dossiê enviado ao Secretariado da Convenção do Patrimônio Mundial não foi aceito, nossa documentação atendeu todos os requisitos das orientações técnicas para aplicação da convenção do patrimônio mundial”, informou nessa quarta-feira o presidente da Fundação Municipal de Cultura, arquiteto Leônidas de Oliveira. Em viagem à Espanha, ele contou, por telefone, que se encontrou em Barcelona com alguns conselheiros da Unesco e sentiu boa receptividade ao mostrar material sobre o conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e os jardins do paisagista Burle Marx (1909-1994).

Pampulha


“Estamos trabalhando neste projeto há dois anos, com assessoria de consultores internacionais e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que encaminhou documentação ao Itamarati, e esse, na sequência, à Unesco. O prefeito Marcio Lacerda já recebeu o ofício da presidente da instituição federal, Jurema Machado, comunicando sobre o aceite do dossiê de BH, entregue no prazo e dentro das exigências”, disse Leônidas. No texto, Jurema explicou que a questão entra em processo de análise e, no segundo semestre, virá à capital uma equipe de especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), de caráter consultivo. A decisão final do Conselho do Patrimônio Mundial será divulgada somente em meados de 2016.

Diante da boa notícia e da urgência, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) acelera seus projetos para revitalizar a Pampulha. Amanhã, segundo Leônidas, será publicado no Diário Oficial do Município (DOM) decreto que unifica a atuação de 16 secretarias municipais. “O objetivo é integrar todas as ações desenvolvidas na região, desde limpeza urbana a órgão de comunicação.” Ele acrescentou que o Iphan deu o sinal verde para que a prefeitura faça a licitação do projeto de restauro da Igreja de São Francisco de Assis , que, junto com o Museu de Arte da Pampulha (MAP), terá recursos de R$ 6 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Uma das novidades é a ligação da Praça Dino Barbieri aos jardins da chamada igrejinha da Pampulha, garantindo a segurança dos moradores e milhares de turistas que visitam o templo católico.

O presidente da FMC esclareceu que, caso o título seja conquistado, serão contemplados especialmente o conjunto arquitetônico e urbanístico, bem como o paisagismo. “A despoluição da lagoa é muito importante, porém não significa pressuposto para a Pampulha se tornar patrimônio da humanidade. A PBH fez o desassoreamento do espelho d’água e falta a Copasa concluir as obras para interceptação de esgotos”, afirma Leônidas.

Foto: PBH
Fonte: Estado de Minas