Com a palestra “A vida quer da gente é coragem!”, o filósofo e professor Mario Sergio Cortella encerrou as atividades do segundo dia (1º/12) do Congresso da Magistratura, cujas mesas temáticas e palestras serão retomadas na manhã desta sexta-feira.
Em terras mineiras, como quem parte do regional para o universal, Cortella abriu sua palestra fazendo referência à obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e ponderou que uma das ideias mais marcantes do livro é a noção da solidão, de um lugar isolado, em que as veredas oferecem caminhos, escapes e saídas.
“Grande Sertão é uma obra que fala da própria vida”, disse o palestrante ao observar que vivemos um período no qual, em decorrência da pandemia da Covid-19, a ideia de antecipação do fim da nossa realidade fez-se mais presente e tornou-se mais significativa para as pessoas. “Em Grande Sertão, quando Guimarães Rosa diz, na boca de Riobaldo, que viver é perigoso, sempre ocorre uma morte”, comentou.
Ainda como parte dessa reflexão, Cortella citou uma charge de Charles Schulz, em que Snoppy e Charlie Brown, sentados à margem de um lago, chegam à conclusão de que, apesar de que um dia todos iremos morrer, viveremos todos os outros dias.
E, como salientou o palestrante, é preciso ter coragem para viver. Não uma coragem inconsequente, mas aquela em que nos preparamos para os desafios, para enfrentar nossos medos. Cortella chamou atenção para o fato de que ter coragem não é garantia de sucesso, de êxito, mas sim da possiblidade de as veredas se abrirem. “Coragem não é ausência de medo, é a capacidade de enfrentá-lo”, disse o filósofo ao salientar, ainda, que, acima de tudo, precisamos ter coragem para reconhecer nossas fragilidades.
Segundo Cortella, para acharmos veredas é preciso termos otimismo, não de maneira ingênua, mas consciente de que ser otimista é algo trabalhoso, pois, para seguir a diante, sem pessimismo, é preciso se esforçar, ir atrás, buscar seus objetivos, acreditar que é possível fazer as coisas. “A primeira coisa que você precisa para sair do grande sertão é saber que está no grande sertão”, concluiu o palestrante, observando ainda que estava diante de homens e mulheres capazes de encontrar e fazer as pessoas encontrem veredas.
A palestra do professor Cortella contou com as participações do presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, e da vice-presidente da Amagis e da AMB, juíza Rosimere das Graças do Couto, que ressaltaram o momento especial de congraçamento proporcionado pelo Congresso e a alegria de verem reunidos magistrados, magistradas e seus familiares.