Foi realizado nesta segunda-feira, 10/4, na Amagis, o curso ‘Mulheres Juízas: reflexos na carreira e nas relações’, ministrado pela psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati. Promovido pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes, pela Escola Superior da Magistratura Desembargadora Jane Silva (Emajs), da Amagis, e pela Coordenadoria Amagis Mulheres, o curso teve o objetivo de explorar as maneiras pelas quais as expectativas e estereótipos de gênero se relacionam com as experiências pessoais e profissionais de magistradas em todos os ramos do Poder Judiciário, contribuindo com o desenvolvimento de ações e estratégias para o aperfeiçoamento institucional. Participaram magistradas de primeira e segunda instância do TJMG, das áreas cíveis e criminais.
A abertura do curso contou com as presenças da vice-presidente Administrativa da Amagis, juíza Rosimere das Graças do Couto, que representou o presidente Luiz Carlos Rezende e Santos. A magistrada agradeceu a presença de todas e destacou a importância da realização do curso e a atuação das integrantes da Coordenadoria Amagis Mulheres.
“Quero parabenizar a Ejef e a Coordenadoria Amagis Mulheres pela iniciativa que contribui muito na luta a favor das mulheres. Todos os eventos e ações que a Coordenadoria desenvolve na Amagis nos ajudam muito e têm trazido importantes avanços, sobretudo na questão da mulher magistrada e da mulher na sociedade”, disse a vice-presidente.
Representando o 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Renato Dresch, a diretora de Desenvolvimento de Pessoas da Ejef, Ana Paula Prosdocimi, falou da alegria em poder realizar, em parceria com a Amagis, o curso que trata de questões tão importantes como as que envolvem a mulher.
“A Ejef abraçou a causa e vem realizar essa ação proposta pela Amagis, selando a parceria que sempre existiu entre as instituições e, agora, com a Emajs, que é a Escola Associativa. Estamos muito felizes com essa parceria, que veio para complementar a formação continuada dos magistrados e magistradas. Hoje, especialmente, foram levantadas questões muito relevantes como maternidade, atuação e posição de liderança da mulher. É olhar para dentro para conseguir olhar para fora com mais qualidade e sensibilidade. Temos que cuidar das mulheres para que a assimetria, que infelizmente ainda existe, seja dissipada aos poucos”, disse Ana Paula Prosdocimi.
Coordenadora da Amagis Mulheres, a juíza Roberta Chaves Soares agradeceu a todos os envolvidos na realização do curso. “Pensamos o curso como uma forma de promover a reflexão de questões importantes para a mulher, sobretudo para a mulher magistrada, acerca de padrões que neutralizamos tanto como o machismo e os vários tipos de violência que a mulher sofre. Por meio do curso, geramos vínculos e fortalecemos a união das mulheres”, afirmou a magistrada.
Foto: TJMG
Luta coletiva
O curso foi ministrado pela psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati, mestre em psicologia social pela Universidade Federal do Espírito Santo e doutora em psicologia forense pela University of kent (Reino Unido). Em sua exposição, a Arielle falou sobre a oportunidade, trazida com o curso, de reunir mulheres em diferentes momentos de suas carreiras para compartilhar as dores e delícias que cada uma carrega.
De acordo com ela, muitas conquistas existem para serem celebradas, mas também há muito desafio a ser superado. Ela convidou as presentes a falarem um pouco de suas experiências e formulou questões reflexivas, relacionadas aos estereótipos e violências de gênero. Diversos relatos e experiências foram trocadas no curso, durante uma exposição dialogada sobre maternidade, vida social, estereótipos, participação em espaços públicos e privados, violência de gênero, assédio, entre outros temas.
“Por vários motivos, eu pensei em desistir da carreira e talvez nem chegar a tomar posse, mas a presença de mulheres aguerridas, empoderadas e femininas já na banca do concurso para a Magistratura em Minas Gerais me fez permanecer e tomar posse como juíza do TJMG. Hoje, tenho orgulho em compor o quadro do TJMG e são as mulheres que me dão força. As mulheres magistradas”, contou uma das participantes do curso.
Para Arielle, a luta pelos direitos da mulher e a busca pelos espaços que devem ser ocupados são uma questão coletiva e devem ser tratadas desta forma. “A causa da mulher, assim como a causa racial, são causas que temos que levar para todos os lugares onde estivermos. Porque é falando e ouvindo que a gente aprende e avança”, disse. De acordo com ela, a mulher se cobra, e dela também é exigido um lugar de perfeição e de equilíbrio constante. “É como se devêssemos, o tempo todo, manter todos os pratinhos equilibrados. Devemos, o quanto antes, devolver a responsabilidade de quem é de direito. Parar de cuidar de tudo e de todos. Não se exigir saber de tudo o tempo todo. Só assim conseguiremos atingir o equilíbrio que, ao contrário do que todos pensam, está ligado ao dinamismo, ao movimento”, falou.
Durante a tarde, as participantes puderam abordar casos relacionados aos temas discutidos e propor soluções para os principais desafios identificados.
Entre as participantes estavam as desembargadoras Áurea Brasil, superintendente de Mídia Institucional do TJMG; Karin Emerich e Paula Cunha e Silva.