Os magistrados da Justiça mineira que integram a Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame) fizeram ontem, 3 de dezembro, uma homenagem póstuma ao desembargador Bady Curi. A cerimônia ocorreu no auditório do anexo 2 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte, e marcou a abertura do Ciclo de Palestras da Abrame. Mensalmente, a associação vai promover palestras, no TJMG, sobre temas variados. A primeira delas foi realizada ontem, após a homenagem. O juiz Haroldo Dutra Dias, do Juizado Especial de Contagem, falou sobre o sentido da vida.

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O presidente do TJMG, desembargador Pedro Bitencourt Marcondes, foi representado no evento pelo desembargador Corrêa Júnior, superintendente adjunto da Superintendência Administrativa do Tribunal. Na abertura da cerimônia, o desembargador Corrêa Júnior falou sobre a importância da iniciativa da Abrame de trazer uma palavra de fé e caridade ao TJMG.

O magistrado falou ainda sobre a homenagem a uma figura de tamanha relevância como o desembargador Bady Curi, que morreu em agosto de 2015, e saudou os familiares presentes na homenagem. “Ao ver todos aqui percebemos a importância que o homenageado dava à família. Sabemos que o desembargador tinha várias qualidades, muitas das quais serão lembradas aqui. Mas podemos resumir dizendo que o magistrado era um homem de bem, que fazia o bem”, finalizou.

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Prece

Depois de um momento de harmonização do ambiente, quando três canções foram entoadas, houve uma prece, feita pelo presidente da associação, o juiz Kéops de Vasconcelos Amaral Vieira Pires, da Paraíba. Em seguida, foi feita a homenagem póstuma ao desembargador Bady Curi, um dos grandes colaboradores da Abrame, entidade que ele integrou desde a sua fundação, em 1999.

Participou da homenagem Accácia Júlia Guimarães Pereira Messano, esposa do juiz Roberto de Freitas Messano, integrante do conselho consultivo e delegado seccional da Abrame. Ela entregou flores à viúva do desembargador Bady Curi, Vera Lúcia Gallo Curi. “O amigo e adepto da doutrina espírita desembargador Bady Curi sabia da importância da lei do amor para o Judiciário e para toda a humanidade. Por isso, foi capaz de defendê-la com convicção e serenidade”, afirmou o juiz Roberto de Freitas Messano em seu discurso.

Ele citou a participação de Bady Curi na Abrame e afirmou que o magistrado não tinha dúvida de que uma Justiça melhor, mais humana, precisa estar pautada no amor que o Mestre dos mestres pregou. “O desembargador, sempre devotado à família e aos amigos, escolheu a magistratura não por acaso. A Justiça é terreno fértil para o exercício do amor e da caridade. Ele acreditava que o magistrado espírita é um pacificador social. A luz que o nosso colega e amigo deixou é que justifica toda a existência. Nós somos gratos a ele e continuamos a sonhar. É preciso que a gente aprenda e que procure também a nossa luz.”

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Espiritualidade

Quem agradeceu, em nome da família, foi Bady Elias Curi Neto, filho do homenageado. Ele afirmou que o pai foi o maior amigo que teve na vida, presente nas horas de dúvida, de alegria e de tristeza. “Ele sempre lia o Evangelho e nos dizia que há várias moradas na casa do Pai. Ele também tinha várias moradas em seu coração. A primeira delas era a sua espiritualidade, a segunda era o nosso lar e a nossa família. E a terceira era a Casa da Justiça. Ele dedicou sua vida à magistratura, onde fez vários amigos e onde aplicava o que aprendia no espiritismo”, relatou. Assim, para Bady Elias Curi Neto, a homenagem da Abrame é das mais importantes, por reunir as três moradas que existiam no coração de seu pai.

Após o momento das homenagens, teve início a palestra “O sentido da vida”, proferida pelo juiz Haroldo Dutra Dias, que é também escritor, tradutor do Evangelho e associado da Abrame. Em sua fala, ele destacou a importância da família do desembargador Bady Curi na história do espiritismo no Brasil. “Temos uma dívida de gratidão com essa família.” Ele ressaltou ainda que o Ciclo de Palestras da Abrame traz uma chama de espiritualidade para o Tribunal de Justiça, propiciando um momento de reflexão espiritual em meio ao turbilhão em que se transformou a prestação jurisdicional nos dias atuais.

Em sua palestra, ele falou sobre a morte, que faz com que cada pessoa tenha os pés no chão, sem perder de vista a situação de impermanência do ser humano. “Ela nos traz bastante objetividade e perspicácia”, disse.

Histórico

O desembargador Bady Curi nasceu em Belo Horizonte, em 1934. Bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Petrópolis, foi advogado e professor. Em 1967, ingressou na magistratura, atuando nas comarcas de Prados, Alpinópolis, Visconde do Rio Branco e Belo Horizonte. Foi juiz no Tribunal de Alçada e, em 1987, tomou posse como desembargador do TJMG, onde ocupou diversos cargos. Em 1964, tornou-se membro da diretoria e consultor jurídico da União Espírita Mineira.
A Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame) tem como foco a espiritualização do direito e a humanização da Justiça. A partir de fevereiro de 2016, a entidade promoverá palestras mensais, com uma hora de duração, no auditório do anexo 2 do TJMG. Em 23 de fevereiro, o psicólogo Emerson Pedersolli falará sobre a depressão à luz da doutrina espírita.


Fonte: TJMG