A 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) realizou, nesta terça-feira, 2 de dezembro, uma solenidade especial em homenagem ao desembargador Fabiano Rubinger de Queiroz. O magistrado foi o primeiro juiz promovido a desembargador, por merecimento, oriundo do interior do Estado. Ele se aposenta após 44 anos de uma trajetória marcada pela dedicação à magistratura mineira. O evento ocorreu no auditório Pleno do TJMG e reuniu magistrados, servidores, familiares e amigos do homenageado.

Presente à solenidade, a presidente da Amagis, juíza Rosimere Couto, destacou em sua saudação a postura ética que sempre caracterizou a atuação do desembargador. “Fabiano Rubinger sempre foi e sempre será reconhecido pela seriedade no trabalho e pelo compromisso com a justiça. Queremos que o senhor seja imensamente feliz nessa nova jornada, assim como foi em toda a sua trajetória. A magistratura mineira reconhece e agradece de coração por tudo que Vossa Excelência foi e representa para o Judiciário mineiro.”

Agregador

Durante a sessão de despedida do desembargador Fabiano Rubinger de Queiroz, o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, prestou homenagem ao colega, destacou o simbolismo do momento e ressaltou o caráter paradoxal da ocasião. “Se, de um lado, há a tristeza da despedida, por outro, é um momento de alegria, um momento de vitória, de conclusão de uma grande caminhada que começou na graduação em Direito, seguida pela Magistratura, pelas comarcas do interior e a segunda instância”, afirmou.

O presidente falou da personalidade agregadora do magistrado homenageado e do impacto positivo que ele sempre exerceu nos ambientes por onde passou. Destacou seu bom humor, sua tranquilidade e leveza. “O desembargador Fabiano Rubinger tem as características próprias da pessoa querida por todos. Pessoas como Vossa Excelência engrandecem qualquer ambiente.”

Legado

Em nome da família, a filha do desembargador, Rachel Ribeiro Rubinger de Queiroz, fez uma homenagem especial. Ela agradeceu a Deus e falou da alegria em ver o pai chegar até ali com saúde e com uma história construída com empenho, justiça e humanidade.


“Ver você se aposentando como desembargador enche meu coração de orgulho e gratidão”, disse Rachel, recordando que cresceu acompanhando a trajetória do pai com tanta admiração que, por muito tempo, pensou em seguir seus passos e se tornar juíza. “No fundo, o que realmente desejava era se parecer com você no que mais importa: na forma de tratar as pessoas, na humildade, no respeito e na capacidade de enxergar todos como iguais.” Rachel afirmou que o que mais a inspirou nunca foi o cargo que ele ocupava, mas a maneira como exerceu sua missão: com simplicidade e humanidade. “Você jamais se colocou acima de ninguém, nunca se achou superior, mesmo estando em uma posição de grande responsabilidade. E isso é grandeza verdadeira — aquela que vem do coração — e que marcou profundamente sua vida.”

O magistrado também foi saudado pelo filho Lucas e pela neta Julia.

Colega do homenageado desde os tempos de calouros na UFMG (1970) e integrante da mesma turma da magistratura (1981), o desembargador Armando Freire fez um emocionado discurso ao amigo e compadre. “São mais de quatro décadas de convivência, de cumplicidade nos embates e dificuldades que enfrentamos, de sermos um para o outro, como nas palavras doces de Cora Coralina, ‘o braço que envolve, a palavra que conforta, o silêncio que respeita, a alegria que contagia’”, disse ele sobre o amigo, que considera competente, firme, comprometido e compreensivo. “Que Deus continue abençoando a sua vida, cuidando dos seus passos, iluminando o seu caminho. Você merece essa paz”, declarou Armando Freire.

Gratidão

O desembargador Fabiano Rubinger de Queiroz fez um discurso marcado por emoção, reflexão e gratidão. Em suas palavras, compartilhou com os colegas a sensação de encerrar um ciclo de mais de quatro décadas dedicadas à Magistratura mineira, sempre guiado pelo compromisso com a Justiça e pela honra da toga.

O magistrado destacou que a aposentadoria é um momento singular, no qual sentimentos se misturam: alegria pela trajetória cumprida, reflexão sobre tudo o que foi construído e, ao mesmo tempo, a expectativa por novos caminhos. “Minha aposentadoria encerra um período de exclusiva e intensa dedicação à Justiça, tarefa que jurei cumprir com dedicação, equilíbrio e competência — e assim o fiz”, afirmou.


Ao relembrar sua carreira, contou sua trajetória desde a aprovação no concurso público que o tornou juiz, em 1981. Passou pelas comarcas de Coromandel, Ibiá, Patrocínio, Araxá e Uberaba, construindo vínculos profundos com as comunidades onde atuou. Chegou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais em 2020, promovido por merecimento. “Orgulho-me em registrar que foi a primeira promoção, por merecimento, ao cargo de desembargador, de um magistrado que atuava no interior, a ser promovido diretamente ao TJMG”, disse.

Nos últimos anos, ao se aproximar da aposentadoria, o desembargador explicou que revisitar sua trajetória lhe trouxe uma compreensão simbólica desse momento. “A aposentadoria é como um prêmio: primeiro, um prêmio de Deus, que me deu vida para chegar até aqui; depois, um prêmio que honra o homem, ao criar o instituto da aposentadoria para amparar aqueles que dedicaram tantos anos ao trabalho.”

Ele ressaltou, porém, que não pretende permanecer inativo. “Não é um adeus. Passarei a me encontrar do outro lado da mesa, continuando a contribuir, ainda que modestamente, na luta pela justiça”, afirmou.

Em seu discurso, reafirmou os princípios que orientaram sua vida profissional: “Cumpri meu cargo com zelo, respeito ao jurisdicionado e ao povo, buscando sempre fazer justiça. Exerci a função com altivez e dignidade, certo de que, como dizia Louis Pasteur, ‘não é a profissão que honra o homem, mas o homem que honra a profissão’.” Disse ainda levar consigo o sentimento de que buscou dignificar o cargo e honrar a toga, e que sentirá saudades dos mais de 44 anos de magistratura.

Agradecido, o desembargador rememorou passagens marcantes das comarcas pelas quais passou e dedicou palavras carinhosas à família e aos colegas. “A todos, minha gratidão. O momento é de agradecer a Deus, à minha família, à minha esposa, Dirley; meus filhos, Thiago, Rachel e Lucas; meu genro, Lucas, que é como um filho; minhas noras, Cecília e Camila, de quem tanto gosto; e meus netos, Júlia, João Lucas, Alice e Maria, fontes de energia e sonhos. Agradeço a todos os servidores, assistentes, assessores e cartorários; a todos os colegas magistrados e aos que ainda virão. Um grande luxo da vida são os amigos.”


Fabiano Rubinger foi saudado por diversos colegas, entre eles os desembargadores Saulo Versiani Penna (2º vice-presidente do TJMG) e Rogério Medeiros (3º vice-presidente), além dos integrantes da 10ª Câmara Cível do TJMG, Ricardo Cavalcante Motta, Ronaldo Claret de Moraes, Octávio de Almeida Neves e Jaqueline Calábria Albuquerque.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Afrânio Vilela, natural de Ibiá, cidade onde Fabiano Rubinger também atuou como juiz, enviou mensagem ao colega, destacando a contribuição do magistrado para a Justiça mineira.

Trajetória

Fabiano Rubinger de Queiroz é nascido em Patos de Minas. O desembargador é casado e pai de três filhos. Concluiu o ensino fundamental e o médio em sua terra natal. É formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, com mestrado em Direito Público, em Franca (SP).

Ingressou na magistratura em 1981, tendo iniciado sua carreira na Comarca de Coromandel, passando posteriormente, nessa ordem, por Ibiá, Araxá, Patrocínio e Uberaba.

Antes da promoção definitiva ao cargo de desembargador, atuava como juiz de direito convocado na 11ª Câmara Cível do TJMG.