“Quero fazer do dia de hoje, final de uma trajetória e não final de linha, um dia de alegria. De saudade, sim, de tristeza, não.” Essa foi a declaração da desembargadora Maria Elza em seu discurso de agradecimento à homenagem recebida em 3 de fevereiro, durante sua última sessão como integrante da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A magistrada irá aposentar-se na próxima segunda-feira, dia 7 de fevereiro.

O salão nobre do Palácio da Justiça estava repleto. Dezenas de desembargadores fizeram questão de comparecer à despedida da colega. Também estiveram presentes servidores, advogados, membros do Ministério Público, alguns familiares e amigos. Além do presidente do TJMG, desembargador Cláudio Costa, diversos desembargadores, servidores e advogados discursaram em homenagem à magistrada, entre eles, o advogado Fabiano Zettel, seu filho. Todos ressaltaram a seriedade e a competência da magistrada, sempre preocupada com os menos favorecidos. Fizeram questão de enfatizar também a excelente figura humana e a grandeza de sua fé cristã.

Depoimentos

O presidente confessou ser aquele um momento de muita emoção para ele, ocasião em que não poderia faltar, por ser o presidente da instituição e por ser amigo da magistrada. Cláudio Costa falou de toda a sua admiração pela profissional e pela pessoa de Maria Elza e declarou que deseja que suas duas filhas, juízas, se espelhem na magistrada.

O presidente da 5ª Câmara Cível, desembargador Manuel Saramago, que abriu a sessão, agradeceu aos colegas pela oportunidade de saudar a magistrada Maria Elza em sua última participação, como desembargadora, nas sessões de julgamento da câmara. “Mestra em conciliar, a desembargadora Maria Elza é uma juíza paradigma, que transforma o ofício de aplicar o direito em justiça”, enalteceu o desembargador. Destacou também que, apesar de ter passado quase toda uma vida na magistratura, ela continuou trabalhando com o mesmo entusiasmo com que julgava suas causas em Resplendor, no início de carreira.

Em seu discurso, Maria Elza relatou que sempre viu “o sujeito humano mais como biografia do que como biologia”. Segundo ela, a partir do primeiro momento da existência, o ser humano vai construindo a sua história e acaba por tornar-se memória do próprio caminho. A pessoa “nasce, vai aprendendo a ser gente, copia modos de uns e outros. Aprende a desejar, escolhe uma coisa e outra; recusa umas tantas. Cresce amando, chorando, ora de dor, ora de alegria, ante as surpresas de ser e conviver”, disse a magistrada.

Assim, a desembargadora passou a rememorar rapidamente sua trajetória de 50 anos de trabalho, pois em março de 1961 ingressou no serviço público estadual como professora primária. Depois, prestou serviços na Secretaria de Educação e na Defensoria Pública, antes de ingressar na magistratura em 1974, na comarca de Resplendor, no Vale do Rio Doce. Passou também pelas comarcas de Cambuquira, Brasópolis, Patos de Minas e Belo Horizonte. Segundo Maria Elza, todas essas comarcas “renderam muitas histórias, aprendizado, boas e duradouras amizades e muito trabalho”.

Em 1994, a magistrada foi promovida para o Tribunal de Alçada e, em 2002, tomou posse no TJMG, como integrante da 5ª Câmara Cível. Em seu discurso, a desembargadora agradeceu aos seus familiares e amigos, aos magistrados, servidores e funcionários do Tribunal, que fizeram parte efetiva e a apoiaram nessa longa caminhada.

O advogado Fabiano Zettel agradeceu ao desembargador Manuel Saramago a oportunidade de prestar sua homenagem. Ele declarou que não poderia deixar de compartilhar com os presentes, “sob sua ótica”, aquele momento. “Como filho da desembargadora Maria Elza, acompanhei de perto o esforço, a perseverança e a fé dessa pessoa maravilhosa”, declarou. Fabiano também fez um agradecimento aos colegas de trabalho de sua mãe. “Aos desembargadores, serventuários e membros de sua equipe, obrigado por terem tornado tão prazerosa a permanência dela na magistratura”, disse e fez uma revelação: “Ela, que sempre dizia que iria se aposentar no ano que vem, jamais conseguiu antecipar a despedida de cada um de vocês.”


Fonte: TJMG