A presidência do Egito rejeitou nesta segunda-feira um ultimato de 48 horas emitido pelo exército e afirmou que dará sequência a seu próprio plano de reconciliação nacional.

Mais cedo, a cúpula militar advertiu o presidente Mohammed Morsi que interviria se o governo e a oposição não chegassem a um acordo. Caso contrário, os militares afirmam que vão intervir para levar adiante um projeto político para o país e assegurar que ele seja implementado.

A ameaça dos militares elevou temores entre parte da população egípcia de um retorno das Forças Armadas à cena política. O Exército governou o país por 55 anos, desde a chegada de Gamal Abdel Nasser ao poder até a queda de Hosni Mubarak, há dois anos e meio.

Horas depois do anúncio, Morsi se reuniu com o general Abdel Fatah al-Sisi e com o primeiro-ministro Hesham Kandil, em um encontro que avançou pela madrugada.

Por meio de nota, a presidência egípcia observou que a declaração dos militares poderia causar confusão e que a presidência levaria adiante seu próprio plano de reconciliação.

No comunicado do exército, os militares prometem "não se envolverem" na política do país, mas qualificam como "gloriosas" as manifestações públicas do domingo, que levaram milhões de egípcios para as ruas, pedindo a saída de Morsi.

Os militares reiteraram que "os pedidos do povo devem ser atendidos e concedemos 48 horas (a todos os envolvidos), como uma última chance, para assumirem a responsabilidade pelas circunstâncias históricas atravessadas pelo país".

"Se as demandas do povo não foram atendidas neste período..., as Forças Armadas vão anunciar o projeto futuro e medidas para orientar sua implementação", diz o documento.

Desde domingo, 16 pessoas morreram e 781 ficaram feridas em confrontos de rua, segundo o Ministério da Saúde. Quatro ministros do gabinete de Morsi romperam com o governo. Fonte: Dow Jones Newswires.

Fonte: Estadão