Grandes litigantes e demandas repetitivas que atingem um número considerável de pessoas estão entre os assuntos que serão discutidos durante o 4º Curso de Aperfeiçoamento Jurídico e Gerencial para Magistrados (CJUR), que começou hoje, 8 de novembro, na capital. Com o tema “Enfrentamento do Fenômeno do Contencioso de Massa e da Corrupção pelo Poder Judiciário”, o curso reúne, nesta edição, 79 juízes. Desde a primeira turma, realizada em agosto e setembro deste ano, 202 magistrados já participaram da capacitação. Ao todo, estão previstas 11 turmas, que treinarão todos os magistrados de Primeira Instância.

cjur-01.jpgDesembargador Wagner Wilson abre curso para magistrados na Escola Judicial

O superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), desembargador Wagner Wilson, afirma que esse é um curso com foco no aperfeiçoamento contínuo dos magistrados. “É um espaço de troca de experiências. As palestras e oficinas buscam encontrar melhores alternativas para o atendimento ao cidadão. O curso integra as iniciativas da Ejef para a formação permanente do seu quadro de juízes”, afirma. O desembargador Wagner Wilson explica que os temas propostos têm grande relevância para o Judiciário.

Segundo ele, o objetivo é que as aulas ministradas promovam a atualização dos magistrados, que serão capacitados para aplicar a lei a partir da técnica e da melhor doutrina. Com essa capacitação, segundo ele, a Ejef cumpre o seu papel de formação e treinamento de seu quadro de pessoal.

Controle

A palestra de abertura nesta quarta-feira foi proferida pelo auditor federal de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União, Franklin Brasil Santos. Ele falou sobre o combate à corrupção em licitações, explicitando as técnicas utilizadas atualmente para a detecção e a prevenção de fraudes. O auditor detalhou algumas normas de controle que podem ser adotadas na rotina de trabalho. Também apresentou os tipos de fraude mais comuns nas diversas fases licitatórias.

cjur-02.jpgAuditor fiscal Franklin Santos discorreu sobre estratégias de prevenção e enfrentamento das fraudes em licitações

“Conhecer os mecanismos de prevenção é muito importante. Nos últimos anos, contudo, percebemos um aumento também na identificação das fraudes, a partir de um controle mais eficaz por parte do Estado”, disse ele. O auditor explicou que não há estudos suficientes que permitam concluir que os casos de corrupção tenham aumentado. Porém, a percepção desse tipo de caso tem aumentado.

Franklin acredita que o crescimento na identificação dos casos está relacionado a um aumento dos mecanismos de transparência. “Há alguns anos, chegar aos problemas era mais difícil. Atualmente, os órgãos estão mais bem preparados e há também um estímulo maior à transparência. Ainda não atingimos o nível ideal, mas temos evoluído”, descreveu.

Desvio

Para o auditor, o combate às fraudes em licitação é importante porque toda política pública envolve a realização de licitações. “Se a corrupção é combatida, reduz-se o desperdício e o desvio de recursos, que poderão ser aplicados efetivamente na execução das políticas públicas planejadas, que se tornam mais eficientes”, explicou o auditor.

Um dos pontos positivos em falar aos magistrados, para Franklin, é fornecer aos julgadores um panorama geral das atuações mais corriqueiras nesse tipo de ilícito. Também é importante discutir e apresentar as medidas que podem ser desenvolvidas pelo Estado. “Precisamos debater mecanismos que vão além da identificação das fraudes, apontando a importância da efetiva punição, que tem um efeito pedagógico”, disse. Ele explica que grande parte dos casos de fraude tem aspectos grotescos, daí a importância de dispor de ferramentas que permitam sua identificação.

Franklin acredita que é fundamental discutir a punição dada aos culpados, porque talvez ela seja insuficiente para coibir a prática de irregularidades. “Em geral, as penas são brandas e a responsabilização é demorada. Tudo isso impacta pouco para acabar com as fraudes”, disse. Segundo ele, o maior receio das pessoas envolvidas em fraudes, hoje, são as penalidades no âmbito administrativo, que impedem que aquela empresa mantenha o relacionamento com o setor público.

Ele explica, contudo, que o desafio no combate à corrupção é grande e exige, entre outras coisas, mecanismos que impeçam que os culpados deixem de lado o CNPJ penalizado e criem uma nova empresa, com a mesma atuação, para continuar firmando negócios com o setor público.

Durante a palestra do auditor, a mesa foi presidida pela magistrada Luzia Divina de Paula Peixôto, que é juíza auxiliar da Presidência do TJMG. Também estiveram presentes as desembargadoras Ângela de Lourdes Rodrigues e Aparecida Grossi.

Programação

O 4º CJUR termina na sexta-feira, 10 de novembro. Amanhã, o evento começa às 9h, com o painel “Desjudicialização e as Ações para a Redução da Litigiosidade Bancária”. Os painelistas serão Antônio Carlos de Toledo Negrão, diretor jurídico da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), e Marcelo Tostes, consultor jurídico e advogado. O presidente da mesa será o desembargador Manoel dos Reis Morais. Às 10h45, Marcos Vinícius Barroso, juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) – 3º Região, fará palestra sobre pesquisa patrimonial de bens do devedor.

Após o almoço, das 14h às 18h15, serão realizadas várias oficinas, sobre temas diversos, como gestão de pessoas, infância e juventude e direito de família.

Na sexta-feira, a programação começa às 9h, com a palestra “Ação de Improbidade e o combate à corrupção”, ministrada por Rafael Carvalho Rezende Oliveira, procurador do município do Rio de Janeiro. O presidente da mesa será o desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior. Às 10h45, na mesa presidida pelo desembargador Afrânio Vilela, Vânila Cardoso André de Moraes, juíza federal do Tribunal Regional Federal (TRF) – 1ª Região, fala sobre demandas repetitivas e grandes litigantes. Após o almoço, das 14h às 18h15, o tempo é reservado para oficinas. Entre os temas abordados estão gestão de processos, direito civil e execução penal.

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG
Foto: Renata Caldeira/TJMG