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Ela preside e é a única mulher da 2ª Câmara Criminal do TJMG. Com 14 anos de magistratura, a desembargadora Maria Beatriz Madureira Pinheiro Costa Caires garante que sempre teve muito respeito e nunca sofreu qualquer tipo de discriminação de gênero na magistratura, nem no Ministério Público, onde atuou antes de ingressar no Tribunal.

“Se tive alguma resistência, foi no início de minha carreira, como promotora, na Comarca de Matozinhos, mas foi por causa da idade”, conta ela, que aos 23 anos ingressou no MP. Na série de entrevistas especiais que a Amagis está realizando no mês da mulher, a desembargadora fala sobre a ascensão das mulheres em diversas profissões, o que, segundo ela, é um mérito próprio da mulher que saiu de sua posição ‘do lar’, mas “que não desmerece ninguém”, para alçar outros voos.

Nestes 14 anos de magistratura, como a senhora fez para conseguir conciliar a carreira e a família?
Com 22 anos eu passei no concurso do MP, portanto não assumi tanto os papéis domésticos. Não tive espaço para os papéis doméstico e não tenho aptidão. Meu marido e minha família sempre me acompanharam em todas as comarcas pelas quais passei e sempre me apoiaram. Hoje, meu marido é aposentado e me ajuda muito. Sempre tive esse apoio. Gosto da profissão, gosto de julgar e acho que a mulher tem essa sensibilidade.
A senhora acredita que a sensibilidade seja um diferencial da mulher?
Acho que a sensibilidade é do ser humano. A mulher, pela sua natureza, é mais detalhista e sensível, principalmente em crimes. Mas não acho que esse é um privilégio das mulheres. Conheço homens muito mais sensíveis que algumas mulheres.
A que a senhora atribui o aumento na participação das mulheres no mercado de trabalho e de que modo isso se refletiu nas carreiras?

Hoje, se percebe um aumento considerável da participação, sobretudo aprovação, das mulheres nos diversos concursos públicos e, com isso, elas alcançam cada vez mais cargos. Acredito que isso promova certa igualdade de condições entre mulheres e homens, tanto na magistratura quanto nas demais carreiras. Para mim, a ascensão das mulheres no mercado de trabalho é um mérito da própria mulher, que saiu de sua posição ‘do lar’, que não desmerece ninguém, e entendeu que pode alçar outros vôos. Houve uma mudança na mentalidade das mulheres, que começaram a sair e ocupar cada vez mais espaço. Essa é uma conquista sobretudo da mulher. É uma questão de conscientização e autoestima.

Foto: TJMG