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Neste mês de março, a Amagis realiza uma série de entrevistas especiais em comemoração ao mês da mulher. A primeira entrevistada é a juíza Ângela de Lourdes Rodrigues, que é magistrada há 21 anos e está na 12ª Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte há 12 anos.

Antes de chegar à capital, ela atuou nas comarcas de Passatempo, Guanhães e Uberaba, onde era a única magistrada em uma comarca com dez juízes. “Fui acolhida pelos colegas de uma forma muito especial”, afirma a juíza Ângela, garantindo que, em toda sua carreira, nunca sofreu discriminação ou preconceito dos colegas e dos jurisdicionados pelo fato de ser mulher.

Ângela Rodrigues afirma que o afeto e a sensibilidade são características femininas que contribuem no exercício de julgar, sobretudo na Vara de Família e na conciliação.

Há alguns anos, carreiras como a magistratura eram essencialmente masculinas. Atualmente, esse cenário tem se modificado bastante. A que a senhora atribui essa mudança?
Acho que isso se deve à dedicação que a mulher tem a toda atividade que ela se empenha. Ela está sempre buscando o aperfeiçoamento, a qualificação e a qualidade de vida pessoal e profissional e investe muito em seus ideais. Isso leva a mulher a galgar cada dia mais cargos, maior destaque.

Qual o maior desafio da mulher nesse cenário?
Conciliar as vidas pessoal e profissional. Existe um momento que temos a necessidade de priorizar a vida profissional e em outros, a pessoal. Conciliar esses dois mundos é o grande desafio. Hoje estamos voltados muito para o aperfeiçoamento profissional, o que, muitas vezes, é peça fundamental para o alcance do sucesso pessoal.

Especificamente na Vara de Família, onde a senhora atua, e também nas audiências de conciliação, qual diferencial da mulher?
A mulher tem o olhar diferente. Não digo melhor ou pior que o olhar do homem, mas diferente. Acredito que o afeto e a sensibilidade, sobretudo, auxiliam na busca da solução do conflito, principalmente na Vara de Família, onde não se trata de patrimônio, mas sim de pessoas, de sentimentos, de relações. O mesmo acontece nas audiências de conciliação. A mulher procura resolver os problemas com a sensibilidade e motivação emocional das pessoas de uma forma amigável. Mas quando não se consegue êxito, ela busca a solução de uma forma racional, sem perder de vista o emocional. Principalmente na magistratura. Há um equilíbrio, que é fundamental, porque se deve priorizar o interesse das partes. E cada uma das partes tem a verdade a seu modo.