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Casada e mãe de três filhos – 5, 3 e 2 anos – Marixa Fabiane Lopes é magistrada há 20 anos. Para conseguir conciliar a jornada, no mínimo dupla, que a maioria das mulheres enfrenta para exercer de forma satisfatória toda essa demanda, Marixa se apoia em dois pilares que considera como principais requisitos: equilíbrio e paciência. “O aprendizado vem de casa”, afirma. Foi com esse equilíbrio que Marixa presidiu um dos julgamentos de maior repercussão da história do Judiciário brasileiro, o caso do Goleiro Bruno. Em entrevista a Amagis, na série especial em comemoração ao mês da mulher, ela garante que nunca sofreu qualquer resistência na carreira e afirma que o feeling feminino só contribui.


A mulher atualmente enfrenta dupla jornada, ao cuidar da família e exercer uma carreira. Como a senhora vê esse cenário?

Não é tarefa fácil conciliar toda a responsabilidade que nos exige a vida familiar e a toga e exercer de forma satisfatória todas essas demandas. Muitas vezes sacrificamos nossa vida pessoal por conta do trabalho. Mas acredito que o equilíbrio e a paciência são requisitos fundamentais para se obter sucesso. A gente acaba aprendendo a falar menos e observar mais para depois falar e orientar.

A senhora presidiu um dos casos de maior repercussão na história do Judiciário. Em algum momento sentiu alguma resistência pelo fato de ser mulher?

Não senti qualquer resistência, muito pelo contrário. Em toda minha carreira sempre procurei exercer minha função de magistrada pautada pela realização da Justiça. Acredito que a partir do momento em que o magistrado age com retidão e respeito às regras legais ele tende a conseguir bons resultados no exercício da sua posição, independente do gênero. E assim foi o caso Bruno. Eu já estava na Comarca de Contagem há três anos quando iniciei o processo e tudo correu bem.

A senhora, hoje, atua no projeto Novos Rumos e preside júris na capital e no interior. Como os jurisdicionados e os operadores do Direito estão se acostumando com a presença da mulher em cargos que, há alguns anos, eram essencialmente masculinos?

Percebo que na capital as partes não olham a presidência feminina com nenhuma reserva. Já é natural. No interior, algumas vezes, há olhares surpresos. Mas acredito que o fato de ser mulher é um ‘plus’ no exercício da magistratura porque nós mulheres, inegavelmente, temos um sexto sentido que só tende a contribuir nas tarefas profissionais e pessoais. Espero que, nestes 20 anos de magistratura, eu tenha correspondido com o que se espera de uma magistrada.

Foto: Renata Caldeira / TJMG