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O ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, está em Belo Horizonte, onde profere uma palestra nesta quarta-feira, 4, em congresso que discute a questão da criminalidade. Nesta terça-feira, Giuliani, concedeu entrevista coletiva à imprensa. Ele foi responsável pela implantação da chamada ‘política de tolerância zero’, que reduziu drasticamente o número de crimes em Nova Iorque, na década de 1990, durante seus oito anos de mandato. Veja os principais trechos da entrevista:

Antes
Nova Iorque era conhecida como a capital do crime nos Estados Unidos.

Depois
Quando deixei a prefeitura, Nova Iorque era considerada a cidade mais segura dos Estados Unidos. Diminuímos o número de homicídios em 65% e os crimes, de maneira geral, em 60%. O sistema implantado na cidade continuou funcionando após meus mandatos e meus sucessores conseguiram reduzir ainda mais a criminalidade. Alguns tipos de crimes foram reduzidos em 90%.

Sistema integrado
É um sistema inteiro integrado que reduz a criminalidade, não somente uma atitude. O crime e as circunstâncias são diferentes nas diferentes cidades. Os problemas são diferentes, mas as maneiras de se aproximar das soluções são parecidas. Antes de resolver o problema, é preciso entendê-lo. Temos um programa de computador que projeta as estatísticas de crime de maneira criteriosa, especialmente os homicídios. Com isso, é possível saber onde o crime está acontecendo e prever onde ele pode vir a acontecer. De todas as medidas tomadas para combater o crime em Nova Iorque, a implantação desse sistema de informática foi a mais importante.

Toda semana, o sistema de computador gera um mapa com as informações de todos os crimes que aconteceram na cidade, com local, horário, tipo de crime, violência que foi utilizada etc. Com isso, podemos saber, por exemplo, quantos policiais são necessários em cada região e em que horário.

Integração das polícias
Mas não tínhamos policiais em número suficiente. Em dois anos, tivemos que aumentar o efetivo em 5 mil policiais. Tínhamos três departamentos de polícia diferentes: um para a área urbana, uma para a área de trens e ônibus e outro para as regiões residenciais. Eles não trabalhavam juntos. Além de aumentar o número de policiais, também padronizamos a forma de atuação.

Não foi milagre. Foi um trabalho dedicado. Eu liderei, mas a parte mais difícil foi feita pelos policiais, pelos juízes, promotores e assistentes sociais, e eles devem receber o reconhecimento sobre isso.

Alta tecnologia e cavalos
Um dos crimes mais comuns em Nova Iorque eram os pequenos assaltos de rua, quando os criminosos levavam bolsas e carteiras. Tínhamos milhares desses por dia. Conseguimos reduzi-los patrulhando as ruas. Sabendo onde eles aconteciam, colocamos policiais à paisana nesses locais.

Em locais com muita concentração de pessoas, como a Times Square, os criminosos se misturam à população. Para resolver isso, colocamos policiais a cavalo, pois eles ficavam no alto e, com rádios, se comunicavam com policiais à paisana, que estavam no meio das pessoas. Em três meses, o número de crimes começou a diminuir drasticamente.

Prisões
Posso falar pelo estado de Nova Iorque. O número de prisões cresceu muito, mas, depois de um tempo, a população carcerária começou a diminuir, pois o cometimento de crimes também caiu.

Penas alternativas
O aprisionamento não resolve o crime. Exceto nos casos de criminosos muito perigosos. Devemos trabalhar com os presos para reintegrá-los à sociedade. Se pudermos evitar mandá-los para a prisão, melhor ainda. Um problema em Nova Iorque era o crime de pichação. Tínhamos isso nos prédios, nos trens, nos ônibus. Começamos a pegar quem fazia isso e a sentença era de que eles deveriam limpar tudo que picharam. Se eles voltassem a fazer isso, aí eram presos. Acredito que as pessoas podem mudar.