Com grande participação da comunidade, a comarca de Ervália realizou, no último dia 14 de fevereiro, sexta-feira, audiência pública para debater o método da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac). O evento foi repleto de momentos especiais que envolveram a plateia, por meio de apresentações musicais, depoimento de recuperando, apresentações feitas por dirigentes da Apac de Nova Lima e da Apac de Viçosa, dentre outros.
Com promoção da direção do Foro da comarca de Ervália, do Programa Novos Rumos do Tribunal de Justiça, de lideranças e comunidade local, a audiência visou sensibilizar e mobilizar a todos os segmentos organizados da sociedade, com a finalidade de implantar a Apac local.
Sob a supervisão da juíza diretora do Foro da comarca de Ervália, juíza Daniele Viana da Silva, a solenidade contou ainda com as presenças dos coordenadores do Programa Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargadores Nelson Missias de Morais e Jarbas de Carvalho Ladeira Filho.
A juíza Daniele Viana convocou os participantes a abraçar a causa e mostrou os benefícios que ela traz para a pacificação social.
Coral da Apac de Nova Lima
Momento marcante da audiência pública, que emocionou a plateia e arrancou aplausos efusivos, foi o da apresentação do coral da Apac de Nova Lima. Fundado em 12 de março de 2013, com o nome Madrigal Liberatus, o coral é formado por 14 recuperandos do regime fechado e pelo maestro Leandro Henrique Dantas, que também cumpre pena na entidade.
Implantado pelo maestro, sob coordenação do departamento de Psicologia da Apac, o canto coral funciona como atividade terapêutica e também como complemento educacional.
Segundo Leandro Dantas, a atividade musical é um processo que beneficia não só o indivíduo recuperando, mas todos do seu entorno, principalmente a família. “O canto desperta sentimentos profundos e emoções, partilha experiências, busca projeções futuras com criatividade, cumpre a vocação de comunicar e socializar, contribuindo para a recuperação, transformação e senso de coletividade”, declarou.

Fez ainda um apelo: “Quero também que as pessoas que nos ouvem cantar abram um lugar em seus corações para receber graças vindas desses cantores. Eles cantam canções de libertação e coragem vindas da condição humana, da busca de forças em face da adversidade, que nos possibilita uma viagem em direção a um lugar melhor. Cantamos juntos pelas privações e pelos triunfos da vida”, completou.

Eles interpretaram as músicas “La Cucaracha”, que conquistou fama durante a Revolução Mexicana no início do Século XX; a canção israelense “Oseh Shalom”, que foi escrita como uma oração pela paz; “Histórias de Pescadores”, de Dorival Caymmi e “I'm Gonna Sing”, do chamado estilo spirituals ou negro spiritual, interpretado pelos escravos negros trazidos para a América do Norte.

Voluntariado
A equipe da Apac de Viçosa também esteve presente e foi representada pelo secretário-executivo, Ederaldo Gonçalves, pela vice-presidente da entidade, Maria das Graças Silva e pelo ex-recuperando Ricardo Benevides Neves, que deu seu testemunho de transformação. Para Maria das Graças, voluntária desde a criação da Apac, “é fundamental a presença do voluntariado nos quadros da entidade, já que o trabalho apaquiano é baseado na gratuidade, no serviço ao próximo, demonstrando amor e carinho para com o recuperando. Essa postura de um voluntário bem treinado, com forte espírito comunitário e desprovido de qualquer interesse promove no recuperando um sentimento de acolhimento e de paz que lhe traz enormes benefícios no processo de sua recuperação”, declarou a voluntária.

A Apac de Viçosa entrou em funcionamento em 2004 e possui capacidade para 40 vagas, distribuídas nos regimes fechado, semiaberto e aberto.

Mobilização
Na sequência das apresentações, o coordenador do Programa Novos Rumos, desembargador Jarbas de Carvalho Ladeira Filho, abordou, de forma sucinta, os 12 elementos do método Apac.
Em seguida, o também coordenador do Novos Rumos, desembargador Nelson Missias de Morais, fez uma analogia entre a construção de uma catedral e a implantação de uma Apac. “Da mesma forma que uma comunidade envolvida esforça-se na construção de uma catedral, enxerga todo aquele significado, mesmo ciente que sua concretização seja mais demorada, devemos todos ter essa mesma dimensão em relação à construção e desenvolvimento de uma Apac”, comparou o magistrado.
Prosseguindo, a juíza Daniele Viana fez a entrega de material informativo e de livros sobre a metodologia Apac para o presidente do Conselho da Comunidade de Ervália, Pedro Paulo da Silva.

A audiência pública finalizou-se com um breve debate, em que foi possível esclarecer dúvidas dos participantes.
Presenças
Presentes também à solenidade, o promotor de Justiça da comarca de Ervália, Breno Costa da Silva Coelho, o prefeito municipal de Ervália, Nauto Euzébio da Silva, o presidente da Câmara Municipal, Helder de Souza Matos, o delegado de polícia, Moisés Albuquerque da Costa Freitas, o comandante do Batalhão da Polícia Militar em Ervália, tenente Paulo Sérgio de Avelar Seixa, o presidente do Conselho da Comunidade, Pedro Paulo da Silva, o presidente do Conselho de Segurança Pública (Consep), Fábio Antônio Feres e a diretora do presídio de Ervália, Rosa Maria Teixeira, e demais representantes da sociedade civil.
Fonte: TJMG