Barbosa e Bruno têm um bom relacionamento. Foi com o juiz substituto que o ministro despachou os pedidos de prisão no dia 14. Na última semana, ele teria deixado clara a intenção de que Bruno assumisse o caso. Ontem, o juiz substituto assinou seu primeiro ato no comando do processo, concedendo ao ex-presidente do PT José Genoino a prisão domiciliar. No documento, estão definidas as regras que o condenado deve obedecer: só poderá sair de casa para ir ao médico e terá que manter as autoridades informadas sobre sua saúde.
Uma das evidências do desentendimento entre Barbosa e Ademar foi a condução da decisão de tirar Genoino do Complexo da Papuda para tratamento hospitalar. Em um primeiro momento, o juiz negou que o condenado precisasse desse tipo de tratamento. No dia seguinte, por telefone, Ademar informou o contrário. No ofício em que autorizou a transferência, Barbosa ressaltou essa contradição. Outro fator que teria causado incômodo foi uma entrevista que o deputado concedeu a uma revista, enquanto estava na Papuda. Um grupo de juízes do tribunal também incomodado com a condução feita por Ademar, que segundo interlocutores, teria demonstrado a assessores de Barbosa interesse na troca de comando.
Por sua vez, o juiz teria reclamado a pessoas próximas que Barbosa estaria ocupando as funções do comandante da VEP, querendo definir o comportamento dos presos na Papuda. Interlocutores afirmam que o juiz não está disposto a deixar a vara e vai resistir a qualquer tentativa de tirá-lo do cargo. Seria preciso uma intervenção no órgão para que deixasse a função..
Alta José Genoino recebeu alta do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) no início da manhã de ontem. Às 06h30, ele deixou o hospital em um carro de passeio, sem escolta policial, de onde foi para a casa da filha Mariana, de 28 anos, que reside em Brasília.
Pouco depois de Genoino ter deixado o hospital, foi divulgado um boletim médico que relata que ele teve uma “melhora dos níveis de pressão arterial e dos parâmetros de coagulação sanguínea”. No sábado, uma equipe de cinco cardiologistas do Hospital Universitário de Brasília — instituição escolhida por Barbosa — fez uma avaliação médica. A expectativa é de que, ainda hoje, o grupo entregue um parecer ao presidente do STF, que poderá efetivar o regime domiciliar ou decidir pela volta de Genoino à Papuda.
A defesa de Genoino espera que, com o resultado da junta médica, seja concedida autorização para que a pena seja cumprida em São Paulo, na residência do deputado licenciado, condenado a 6 anos e 11 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha.(Colaboraram Étore Medeiros e Isabella Oliveira)
Fonte: Estado de Minas