A AMAGIS divulgou, em 27/02/2009, através do seu portal (www.amagis.com.br) , uma nota intitulada Problema do Judiciário é falta de gestão, diz corregedor do CNJ, da qual extraí o seguinte trecho para comentário:

"O corregedor nacional de Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilson Dipp, afirmou na quinta-feira, 26, que o principal entrave do Judiciário brasileiro é a falta de gestão e de aperfeiçoamento dos profissionais. Ele disse ainda que muitos tribunais se queixam da falta de recursos, mas o grande problema seria a má administração. "

"Isso faz que hajam vários cargos de confiança em detrimento de servidores de carreira, faz com que os tribunais se estruturem em detrimento do primeiro grau, muitas vezes com pagamento de salários acima do teto constitucional. Além de resquícios de nepotismo", disse. "

Na verdade, segundo o Ministro afirmou, os principais problemas do Judiciário seriam dois: falta de gestão e falta de aperfeiçoamento dos profissionais.

Quanto ao primeiro ponto, como é sabido, são raros os magistrados com vocação para o trabalho de gestão, que exige uma preparação profissional específica (talvez através de um curso superior de administração), suprível, na melhor das hipóteses, por uma inteligência vocacionada para essa área.

Habituamo-nos a presidir os processos judiciais de nossa competência, mas administrar é coisa completamente diferente.

Se temos uma equipe de alto nível técnico e grande sensibilidade humana, apoiamo-nos nela e realizamos um trabalho sensato, como CARLOS MAGNO realizou uma excelente administração, mesmo sendo analfabeto...

Todavia, não há administrador e equipe tão excelentes que possam conhecer todas as necessidades da estrutura se não ouvirem todos os segmentos dessa estrutura.

É justamente aí que está a falha: a 1ª instância não é ouvida e realizam-se planejamentos à sua revelia.

Quanto ao segundo ponto, apesar de haver planejamento e investimento no aperfeiçoamento dos profissionais, a falha é a mesma do ítem anterior: tudo é feito sem consulta à 1ª instância.

Pessoas que nunca militaram na 1ª instância ou estão afastadas dela há muitos anos decidem sobre o que é melhor para ela, sem consultá-la...

As intenções, muitas vezes, são nobres, mas a mentalidade centralizadora domina muitos segmentos e prejudica o bom resultado dos programas.

Este artigo não visa criticar pessoas, mas apresentar a necessidade de consulta às bases.

Caso contrário, estaremos sempre deficitários, criticados pela população e pelos próprios membros da equipe, dentre os quais o Ministro DIPP, com justa razão.

Autor - Luiz Guilherme Marques - Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG