“Minha maior indignação é ter sido abandonado por quem tinha o dever de me proteger”, declarou o juiz Flávio Prado Kretli, durante a audiência pública, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira, para discutir a segurança nos fóruns e dos magistrados.

Por causa das ameaças do crime organizado contra ele e sua família, Kretli foi obrigado a se transferir de comarca, deixando para trás parentes, amigos, bens, e toda uma vida construída ao longo dos anos em Teófilo Otoni, local que o juiz havia escolhido para encerrar sua carreira.

Mesmo a quilômetros de Teófilo Otoni, o juiz disse que vive um drama pessoal e que ele sua família ainda não conseguiram se recuperar totalmente do trauma vivido. “Quando ficou sabendo que eu vinha para a audiência, meu filho perguntou: pai, a escolta vai voltar?”, comentou.

Frente a esse quadro, Flávio Prado revelou que já pensou por várias vezes em deixar a magistratura, para seguir em um ramo do Direito em que possa restaurar a tranquilidade dele e de sua família, perdida quando criminosos invadiram sua propriedade rural, em Teófilo Otoni, agrediram o caseiro e sua esposa na frente dos filhos, no dia em que era realizado o júri de um dos membros da quadrilha.
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