Conhecer o modelo desenvolvido nas Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs) para definir a melhor forma de parceria. Com esse objetivo, a Associação de Voluntários do Grupo Fiat esteve na Apac de Santa Luzia, no dia 6 de dezembro. O grupo é formado por dirigentes e ex-dirigentes da Fiat Automóveis, Fiat Exportações, Fiat Industrial, Iveco, Comau, CNH Global.
Eles demonstraram surpresa e interesse no modelo de prisão que não tem grades, onde os próprios presos têm as chaves das celas, onde todos trabalham, estudam e são responsáveis pelas rotinas do local.
Percorreram atentos as dependências da Apac, ouviram as explicações sobre o funcionamento dadas por um dos recuperandos, assistiram à apresentação musical de uma banda formada também por recuperandos e almoçaram a comida feita por outro grupo de recuperandos.
Entre os visitantes estavam Massimo Cavallo, Euler Ervilha, Boris Bogutchi, Edgardo Caceres, Olacir Oliveira, Tarcisia Ramalho, Carlos de Castro, Frederic Wagner Wendling e Antônio Sérgio Rodrigues.
Falou em nome do grupo, o diretor de Recursos Humanos da Comau na América Latina, Massimo Cavallo, que destacou: “O dia está sendo belo e interessante, pois percebo que todos os dias podemos fazer diferente. Há muitos anos, o Grupo Fiat trabalha com responsabilidade social, inclusão social das pessoas com deficiências. Hoje é mais um dia de aprendizagem,queremos ver e ouvir vocês e saber em que podemos ajudar.”
O grupo foi recebido pelos coordenadores do Programa Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Jarbas de Carvalho Ladeira Filho e juiz Luiz Carlos de Rezende e Santos e pelo presidente da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), Valdeci Antônio Ferreira.
Somos todos responsáveis
“Também eu quando conheci a Apac, achei que era impossível isso – um lugar em que autoridades podem se sentar à mesma mesa com os presos”, confessou o presidente da Apac de Santa Luzia, Gustavo Salazar Botelho, “também tentei fingir que a experiência não havia significado nada para mim, que ajudar uma Apac não era minha responsabilidade e que essas pessoas e suas histórias não me diziam respeito.”
O gerente de projetos do Instituto Minas Pela Paz, Eneas Melo, disse ao grupo que há uma enorme dificuldade em reinserir o preso no mercado de trabalho. “A pessoa que cumpriu pena tem uma marca, sim, mas precisamos compreender que a responsabilidade pela formação e recuperação desses seres humanos é também nossa. São pessoas iguais a nós, são histórias que poderiam ser as nossas.”
O recuperando Jucimar Oscar do Amaral disse: “a Apac faz por mim o que em nenhum outro lugar eu conseguiria – estou pagando meu erro e vou sair daqui de cabeça erguida”, ele que chegou até mesmo a dormir no banheiro em uma cela superlotada e quis a morte para acabar com tanta humilhação.
A visita foi acompanhada ainda pelo promotor de justiça de Igarapé, Hugo Barros,e por um grupo de 10 jovens liderado pelo vereador eleito Marcelo Aro, que afirmou ser a Apac de Belo Horizonte uma de suas promessas de campanha.
“Sei que estamos saindo daqui com muitos questionamentos, mas também com muita disposição para o trabalho. O preso é um pedaço de nós mesmos que a sociedade não reconhece”, ressalta o vereador, que adiantou ainda que os jovens visitantes vão fazer um estágio na Apac de Santa Luzia para depois atuarem na criação e implantação da Apac de Belo Horizonte.
Fonte: TJMG