Na última quinta-feira, 1º de julho, ocorreu a última sessão do desembargador Irmar Ferreira Campos, da 17ª Câmara Cível. A ocasião permitiu que a formalidade usual desse lugar a manifestações numerosas de afeto e apreço, não só por parte dos colegas do desembargador, mas também de advogados, servidores e familiares.
O magistrado, que deixa o Tribunal de Justiça após 22 anos de judicatura, mostrou-se comovido e grato em sua despedida. Ele lembrou fatos de sua vida e emocionou-se em diversos momentos, sobretudo quando falou de sua família e do apoio que sempre recebeu. “Eu sabia, desde que ingressei na magistratura, que este dia chegaria. Mas não estava preparado para ver tantas expressões extraordinárias de afeto e apreço”, revelou.
O presidente da sessão, desembargador Eduardo Mariné da Cunha, iniciou seu pronunciamento afirmando a dignidade e dedicação que caracterizam o homenageado. “Essa é uma data muito especial, pois hoje se despede de nós um colega ímpar, prestativo e leal, que desde 1988, quando iniciou sua carreira na magistratura, mostrou ser um juiz diligente, operoso e íntegro”, declarou. Mariné ressaltou que Campos, “em sua árdua tarefa, sempre buscou o entendimento, respeitando divergências e decidindo com firmeza”.
Irmar Campos declarou que, com sua saída, experimentava um misto de tristeza e alegria, porque no Tribunal encontrou pessoas queridas e um bom ambiente de trabalho. “Posso dizer que, dentro de minhas possibilidades, jamais deixei de cumprir esta missão difícil e espinhosa”, avaliou. Afirmando que “a prestação jurisdicional rápida e de qualidade é uma obrigação que se deve àqueles que estão ansiosos por uma solução”, o desembargador agradeceu a todos os colaboradores e a Deus pela oportunidade de exercer a Justiça. “Fui escolhido para desempenhar essa missão, que também é um privilégio. A estima dos companheiros desembargadores, dos advogados e servidores, apesar da minha postura exigente e rigorosa, mostra que isso não foi obstáculo em nossa mútua compreensão”, ponderou.
Homenagens
Tomando a palavra, o desembargador Luciano Pinto frisou que o adeus solene era necessário em vista de Campos, “um magistrado digno da toga, de trato ameno e probo”, ter conseguido, “com equilíbrio, conciliar a tensão entre a teoria pura e os fatos dos autos”. O desembargador recordou ainda a atuação do companheiro de judicatura na advocacia. “Consciente da falibilidade humana, viveu a angústia dos grandes juízes de temer a injustiça. No entanto, sei que ele se despede com a certeza do dever cumprido. Sua aposentaria é o repouso do guerreiro”, concluiu.
Em nome do cartório da 17ª Câmara Cível, a servidora Rosemary Sirlene Prado relatou que lá o desembargador é chamado, carinhosamente, de “pai Ismar”. Ela contou que seus acórdãos e despachos eram motivo de orgulho para os funcionários, pois “sua sabedoria e preocupação com o jurisdicionado nunca cessaram”. “Era comum que eles chegassem pela manhã e voltassem, já decididos, na parte da tarde”, disse.
Apontando para a pilha de processos visível atrás do homenageado, Rosemary Prado lembrou que “os processos envolvem muitas vidas, mas aqueles que tiveram seus casos julgados pelo desembargador Irmar Campos podem ter certeza de que foram agraciados, pois ele estava atento não só ao direito, mas principalmente à justiça”. Os servidores, que compareceram à sessão, presentearam o magistrado com um livro.
Desejando ao colega paz, alegria, saúde e bastante tempo para desfrutar da companhia dos familiares e amigos, o desembargador Antônio Lucas Pereira destacou que, apesar da tristeza pela ausência, existirá “a convicção do dever cumprido”. “A trajetória do desembargador Irmar foi pontuada de sucesso e brilhantismo. Ele se integra à galeria dos retos”, completou.
Os desembargadores José Marcos Rodrigues Vieira, da 16ª Câmara Cível, e Eduardo Machado Costa, da 5ª Câmara Criminal, também se manifestaram. O primeiro salientou sua admiração pelo magistrado Irmar Campos, “que encerra sua carreira como a imagem exata da Lei e da Justiça”. Já o segundo mencionou sua felicidade por ter encontrado, no TJMG, pessoas como o desembargador Irmar. “Assim como fui recebido com carinho, estou disponível para acolhê-lo da mesma forma a qualquer momento”, avisou.
O advogado Luís Felipe Silva Freire falou em nome da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), expressando sua grande satisfação em honrar “um desembargador notável, com a marca da dignidade, do zelo pelo próximo e pela sociedade”. “A importância de Irmar Campos fica evidente quando vemos, em sua despedida, todo o gabinete. Aliás, em todas as comarcas por onde passou, ele provou ser honesto e trabalhador”, afirmou.
Ao fim das homenagens, a sala, que estava repleta, foi aos poucos se esvaziando e retornando à normalidade. Mesmo assim, de tempos em tempos ainda apareciam desembargadores para congratular o colega que se aposentava. No corredor dos plenários, também se ouviam votos nas outras sessões. Era a forma de lembrar, mesmo durante o trabalho, uma longa caminhada de serviço.
Fonte: TJMG