Como tem feito ao longo dos seus 120 anos de existência, o Jornal do Brasil não para de alertar seus leitores com antecedência sobre os contornos do cenário político-econômico do país. Há pelo menos duas semanas em seus editoriais, o JB frisou que a onda de denuncismo contra o Judiciário não era à toa. E que a instabilidade provocada por tais denúncias estava se tornando inevitável e extremamente prejudicial à vida da sociedade democrática brasileira.

Neste fim de semana, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo trouxeram, com destaque, matérias sobre a crise instaurada no Judiciário desde o final do ano passado. Em ambas as matérias veiculadas, desembargadores de tribunais de Justiça de todo o país veem uma orquestração das denúncias contra o Supremo Tribunal Federal. Mais que isso, uma orquestração às vésperas do julgamento do caso de corrupção mais emblemático e voraz da Era Lula: o mensalão.
Durante reunião em Teresina, no Piauí, mais de 20 desembargadores alertaram para aquilo que pode ser o pano de fundo da enxurrada de denúncias contra os magistrados em todo o país, sem citar nomes (como de costume entre os doutores, já que ainda não há nenhuma prova concreta sobre o caso).

As informações publicadas pelos dois diários brasileiros já haviam sido antecipadas pelo JB, conforme pode ser constatado nos editoriais A quem interessa denegrir o Judiciário? e Justiça, o coração da sociedade. Mais uma vez, o JB atenta para o fato de que, num país sem um Judiciário forte e respeitado, não há como se pôr em prática a verdadeira democracia. Quem perde com denúncias infundadas, portanto, é o próprio povo brasileiro.

Assim como também já havia antecipado ao Jornal do Brasil, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Henrique Nélson Calandra, relembrou, no encontro, que o Supremo está sendo pressionado por um grupo que quer abalar um dos poderes mais importantes, o Judiciário. Neste grupo estariam réus do mensalão.

Ao JB, Calandra comparou ainda a quebra de sigilo dos magistrados à ação da KGB, e disse que alguns réus do mensalão podem estar por trás dos ataque às togas. Ele disse ainda que não vê nenhum problema na divulgação pelo CNJ dos salários dos magistrados, desde que os nomes dos juízes não sejam divulgados.

O fato de que a onda de ataques aos juízes ter começado no dia em que o ministro Joaquim Barbosa (relator do mensalão) passou o processo para o ministro do STF Ricardo Lewandowski merece atenção. Na ocasião, quando o processo começou a caminhar para o julgamento, foram levantados os pagamentos acumulados do Tribunal de Justiça de São Paulo.

O presidente do TJ do Piauí, Edvaldo Pereira, opinou no mesmo sentido de Calandra:

"O que a gente percebe, não é de hoje, é que existe um movimento orquestrado de descrédito e desmoralização da Justiça. É difícil a gente apontar esse ou aquele por esse movimento, mas a gente percebe esse interesse", indicou.



Fonte: Jornal Do Brasil