O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, criticou nesta terça-feira a composição e funcionamento da Justiça eleitoral brasileira. Em sessão do CNJ, ele lembrou que parte das vagas dos tribunais eleitorais são preenchidas por advogados.
- Há coisa mais absurda que o advogado ter seu escritório durante o dia e à noite se transformar em ministro? Ele cuida de seus clientes durante o dia, tem seus honorários, e à noite ele se transforma em juiz. Ele julga às vezes causas que têm interesses entrecortados e de partes sobre cujos interesses ele vai tomar decisões à noite. Estou falando da Justiça eleitoral, que nada mais é do que isso. E ela conta com quase um terço dos seus membros que são advogados - disse Barbosa, cujas críticas à Justiça eleitoral são recorrentes.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem sete ministros, dos quais três são oriundos do STF, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois da advocacia.
Já os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que funcionam nas 27 unidades da federação, são compostos por dois desembargadores do Tribunal de Justiça, dois juízes estaduais, um juiz federal e dois advogados.
As críticas de Barbosa foram feitas durante a análise de procedimento requerido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra um ato do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que abrange os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. O ato formalizou a cessão de uma procuradora da fazenda nacional para o gabinete de um juiz federal. Para a OAB, a procuradora não teria isenção suficiente para tocar o trabalho no gabinete. Barbosa discordou:
- É no mínimo um menoscabo (menosprezo) da inteligência da magistratura, no mínimo. O juiz é um débil mental, ele não toma decisões. Ele é comandado pelo seu assessor, não é? - ironizou Barbosa, para em seguida falar do que entende ser um absurdo maior:
- Agora, se fôssemos levar a sério essa prerrogativa de acabar com essas incongruências que existem no Judiciário brasileiro, as primeiras que deveríamos extinguir são as que beneficiam advogados. Por maioria, o CNJ rejeitou o pedido da OAB.
Fonte: O Globo