Um repórter e um ex-editor do tabloide britânico News of the World foram presos nesta terça-feira (5/4) sob acusações de fazer escutas telefônicas ilegais. O chefe de reportagem Neville Thurlbeck e o ex-editor Ian Edmondson são acusados grampear até três mil telefones de celebridades e figuras públicas da política, do esporte, do entretenimento e da família real, de acordo com notícia do portal Uol.
Edmondson já havia sido demitido do jornal em janeiro, depois de evidências de que ele teria grampeado o telefone da atriz britânica Siena Miller entre 2005 e 2006. Seu advogado, Eddie Parladorio, confirmou sua prisão nesta terça-feira (5/4). Thurlbeck e Edmondson se apresentaram voluntariamente a duas delegacias, mas a Polícia Metropolitana de Londres, Scotland Yard, não confirmou suas identidades.
A News International, empresa proprietária do jornal, disse estar cooperando com a Polícia. Em comunicado, a empresa disse que, em janeiro, forneceu informações voluntariamente à Polícia Metropolitana "que levaram à abertura da investigação em curso".
"A News International pôs fim ao contrato do editor-assistente do News of The World (Ian Edmonson) ao mesmo tempo. A News International reiterou consistentemente que não vai tolerar más práticas e que está comprometida com a ação baseada em evidências", disse a nota.
As prisões dos dois jornalistas são as primeiras feitas desde que a Scotland Yard reabriu o inquérito — conhecido como Operação Weeting — após alegações de que a equipe do jornal dominical continuava interceptando ligações de figuras públicas. Edmondson e Thurlbeck foram detidos depois que novas evidências surgiram sobre o caso.
Processo judicial
A primeira suspeita de grampo surgiu em 2005, quando o News of the World publicou reportagem sobre uma lesão no joelho do Príncipe William, fato que despertou a desconfiança da família real. Em 2007, a primeira investigação da Polícia sobre a escuta telefônica levou à condenação do então editor de assuntos da realeza do News of The World, Clive Goodman, que ficou preso por quatro meses. As mesmas acusações fizeram com que o investigador particular Glenn Mulcaire, que era funcionário do jornal, ficasse preso por seis meses.
As denúncias vieram à tona em 2009 através de reportagens do jornal Guardian. De acordo com o diário, os tablóides contrataram detetives particulares que grampearam — ilegalmente — os celulares das celebridades para conseguir acesso a dados pessoais confidenciais, como contas e extratos bancários.
Quatro vítimas fizeram acordos extrajudiciais com o jornal, incluindo o agente de publicidade Max Clifford, que, segundo relatos, recebeu 1 milhão de libras (cerca de R$ 2,6 milhões). Atualmente, 14 pessoas estão processando a News International, incluindo o agente de jogadores de futebol Sky Andrew, o comediante Steve Coogan e o comentarista de esportes Andy Gray.
Nesta terça-feira (5/4), foi divulgado que a atriz Sienna Miller e sua agente Ciara Parkes conseguiram ordem judicial para que a operadora de telefonia celular Vodafone quebre o sigilo de dados envolvendo outros usuários. De acordo com a Corte Suprema, a Vodafone não se opôs à ordem judicial. Outras vítimas conseguiram ordens similares para quebra de sigilo.
Fonte: Conjur