O início da sessão plenária desta quinta-feira (24) foi dedicado a homenagear o ex ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, falecido no final do último mês de agosto. Participaram da sessão representantes da família de José Guilherme, como a filha, Adriana Villela, o filho, Augusto Villela, a irmã, Teresa Villela, e o cunhado Pascoal Amoroso.
O ministro Marcelo Ribeiro preparou um discurso para falar em nome dos ministros do TSE, mas, emocionado em virtude de sua convivência pessoal com José Guilherme, amigo de infância de seu pai, Eduardo Ribeiro, pediu que o ministro Versiani terminasse de ler seu discurso. Nas palavras escritas pelo ministro Marcelo Ribeiro, José Guilherme sempre foi um apaixonado pelo Direito e, mais especificamente, pela advocacia contenciosa.
Ele destacou a vinda do homenageado para Brasília no início da construção da capital em companhia do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence entre outros juristas que vieram atuar na advocacia na nova capital. Destacou também a atuação do ex ministro como professor da Universidade de Brasília (UnB) na área de Teoria Geral do Direito e Direito Civil numa época em que a cidade carecia da mais mínima estrutura e as exigências eram muitas. “A juventude de todos, contudo, os fazia caminhar, passo a passo rumo ao sucesso profissional”, destacou o ministro ao lembrar que José Guilherme advogou intensamente no início da carreira, atuando desde a delegacia de polícia até o Supremo.
Ele também atuou como procurador do Tribunal de Contas do Distrito Federal de 1962 a 1988 e foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil no DF por cinco mandatos. Alcançou cadeira no TSE graças ao desempenho e fixou-se como um dos maiores nomes do Tribunal, tendo uma “capacidade argumentativa impressionante, conhecedor profundo de direito e muito experiente na área eleitoral, funcionava como verdadeiro farol que orientava a jurisprudência”.
O ministro Versiani aproveitou a oportunidade para destacar sua admiração por José Guilherme, que também fez parte de sua vida pessoal por ter convivido com sua família desde a infância.
“Sempre foi um advogado notável quando não éramos adversários. Porque se fossemos adversários realmente não haveria como evitar uma certa disputa”, destacou ao relembrar a bravura com que o homenageado defendia suas causas.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por sua vez disse que a homenagem não poderia acontecer em local mais apropriado, pois o plenário do TSE foi um dos principais cenários da atuação profissional do homenageado. Ele também destacou a combatividade como um dos traços primordiais da sua atividade.
Sepúlveda Pertence
Escolhido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados Brasil para falar na homenagem, o ministro aposentado Sepúlveda Pertence relembrou sua convivência desde a adolescência com José Guilherme. Ele disse que a tarefa é honrosa, mas ingrata. “É sempre melancólica a despedida de um companheiro de uma vida inteira”, destacou ao relembrar os sessenta anos de convivência e amizade.
O ministro também lembrou da esposa do ex ministro, Maria Villela, que dividiu mais de 45 anos de casamento e que também faleceu na mesma ocasião, bem como de Francisca, governanta do casal por mais de três décadas.
Pertence elogiou a postura ética de José Guilherme e sua dedicação quase que obsessiva por suas causas em que “advogava com paixão, conhecimento e simplicidade”.
Ayres Britto
Já o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Birtto, disse que apesar de não ter convivido com o homenageado, reconhece que era um homem combativo. Ayres Britto disse que transparecia nele um imenso preparo técnico e que era um estudioso do direito que sustentava suas teses com profundidade e convicção, portanto tinha um notável poder de convencimento. Disse ainda que sua maior virtude era a autenticidade que manteve por toda a vida.
Aos familiares, disse que o alento é o privilégio de terem convivido com José Guilherme e com Maria. A homenagem foi finalizada com um poema citado por Ayres Britto e de autoria de T.S Eliot: “eu disse à minha alma, fique tranqüila e espera até que as trevas sejam luz e a quietude seja dança".
Fonte: TSE