O juiz Marcelo Gonçalves de Paula participou, nesta quinta-feira, 11 de dezembro, em Cuiabá (MT), do II Encontro das Redes de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, representando o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O evento é promovido pelo Poder Judiciário do Mato Grosso e reúne órgãos do sistema de Justiça, forças de segurança, gestores públicos, educadores e representantes da sociedade civil com o objetivo de fortalecer a integração e ampliar a efetividade das políticas públicas voltadas à proteção das mulheres.

Titular do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Belo Horizonte, o magistrado apresentou a palestra “Masculinidade, Poder e Violência – Atuação das Redes de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Meninas”, trazendo reflexões sobre o papel das masculinidades na dinâmica da violência de gênero, e destacando a necessidade de envolver homens e meninos em ações de prevenção, responsabilização e mudança de comportamento.

O painel contou ainda com as participações das juízas do TJMT Rosângela Zacarkim dos Santos e Ana Paula Gomes de Freitas, além do juiz Leonísio Salles de Abreu Junior.

Para o juiz Marcelo Gonçalves, falar sobre a masculinidade é um passo essencial para compreender a complexidade da violência de gênero e, sobretudo, para preveni-la. “Quando refletimos sobre a masculinidade hegemônica — ainda associada a ideias de agressividade, dominação e controle — conseguimos identificar como esses estereótipos influenciam comportamentos e reforçam desigualdades. Ao propor uma abordagem crítica e construtiva, buscamos desconstruir esses padrões e promover uma masculinidade mais saudável, aberta e empática”, afirmou o magistrado.

Juiz Marcelo Gonçalves e a desembargadora Maria Erotides Kneip, Coordenadoria Estadual da Mulher em
Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMT

“A masculinidade, quando vista de maneira plural, também permite aos próprios homens libertarem-se de pressões históricas, como a necessidade de suprimir emoções, contribuindo para relações mais saudáveis e para uma melhor saúde mental. Portanto, falar sobre masculinidades não é apenas uma pauta acadêmica ou teórica: é uma estratégia concreta para promover mudanças culturais amplas, reduzir a violência e construir uma sociedade mais justa, igualitária e livre de agressões. É nesse constante repensar que fortalecemos redes de enfrentamento mais sensíveis, integradas e eficazes”, concluiu o juiz Marcelo Gonçalves, que também é integrante da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do TJMG e da diretoria do Fonavid (Fórum Nacional de Juízes e Juízas de Violência Doméstica).

O evento, que teve início na quarta-feira, discute temas como a constituição e o fortalecimento das redes de enfrentamento, a origem histórica da violência contra a mulher, masculinidade e poder, protocolos de atendimento e experiências bem-sucedidas na proteção e acolhimento das vítimas. A proposta é promover um espaço de integração, troca de experiências e construção coletiva de soluções que contribuam para aperfeiçoar as políticas públicas e a atuação interinstitucional no enfrentamento à violência.