O juiz Carlos Roberto Loiola, da Comarca de Belo Horizonte, foi o ganhador do IV Prêmio Literário Carlos de Oliveira, concedido pela Câmara Municipal de Catanhede, em Portugal, pelo livro 'O Caçador de Orquídeas: os enigmas dos táxons capiaus e a charada do bicho-de-sete-cabeças'.

Juiz recebe Prêmio em Portugal
Juiz Carlos Roberto Loiola recebe o Prêmio Literário Carlos de Oliveira

A obra, primeiro romance escrito pelo magistrado, concorreu com o pseudônimo de “A estrambótica aventura do Senhor Martius Von Gloeden”, no intuito de evitar que o autor fosse previamente conhecido do júri.

O Prêmio Literário Carlos de Oliveira tem o objetivo de estimular a criação literária e homenagear um dos grandes escritores da língua portuguesa do século XX, Carlos de Oliveira, que nasceu no Brasil, mas mudou-se para Portugal ainda muito pequeno. A entrega do Prêmio foi realizada em Catanhede, em julho do ano passado.

O Caçador de Orquídeas

O livro do juiz Carlos Roberto Loiola é uma aventura literária, passada no Brasil imperial em que um investigador da Escotland Yard, por requisição do Príncipe de Buckinghan (o senhor Holmes), chega ao Brasil para tentar descobrir as razões pelas quais os nomes que os taxonomistas escolhiam para as orquídeas brasileiras estavam tão escandalosos e provocando escarcéu no mundo científico.

Na ocasião, ele encontra um caipira muito peculiar, com um dialeto bem estrambótico, que lhe relata as loucuras do senhor Martius Von Gloeden, um tedesco apaixonado e obcecado pelo que dizia ser “a flor de veludo azul” e correspondente de Charles Darwin, que havia acabado de publicar a sua Teoria da Evolução das Espécies, obra que estava sendo chamada pelos maiores cientistas do planeta como uma charlatanice pura.

Entre muitas verdades científicas e alguns falseados capiaus, chamados naquela época de impuia, Izé Mané, o caipira que inexplicavelmente havia saído da maleita, remonta para o senhor Holmes e para o leitor atento, através de seu burlesco passeio pela Estrada Real, desde Paraty até Diamantina, todo um gigantesco quebra-cabeças, enigma por enigma, descrevendo cidades, montanhas, rios etc., revelando costumes, nomes, palavras e imagens de um tempo imorredouro, com descrições fidedignas de lugares em que, naquela época, reis, príncipes, princesas, barões, naturalistas, padres, caipiras e escravos andavam à cata de orquídeas nas nossas matas, montanhas e por todo lugar onde notícias delas corriam.


Mas a charada do bicho-de-sete-cabeças é enigma que o caipira cria para o próprio leitor desvendar, com sua leitura atenta, porque a verdade, como diz Izé Mané, é aquilo que cada um acredita ser.


A obra será lançada, em breve, no Brasil e em Portugal.