Foi aberto ontem à noite, 6 de junho, o 7º Curso de Aperfeiçoamento Jurídico e Gerencial para Magistrados (CJUR). A capacitação se estende por três dias e tratará de temas variados da rotina de magistrados. O evento é uma realização da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), a qual pretende realizar, até 2018, 11 edições da formação.

Até o momento, foram capacitados quase 400 magistrados, que ouviram palestras de especialistas e debateram temas como gestão de pessoas e de processos, direito de família e da infância e da juventude, execução penal, improbidade administrativa, mediação e conciliação e a relação do Judiciário com a imprensa.

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Sétimo grupo de magistrados está participando da capacitação

O 2º vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e superintendente da Ejef, desembargador Wagner Wilson Ferreira, enfatizou que a “reciclagem” enriquece a atividade profissional. “Reunimo-nos mais uma vez para debater temas pertinentes à atividade jurisdicional e promover o aperfeiçoamento jurídico e gerencial de magistrados. O formato eleito possibilita o compartilhamento de experiências, permitindo-nos atualizar conhecimentos e, dessa forma, contribuir para o aprimoramento da Justiça, razão de ser da Instituição”, afirma.

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O 2º vice-presidente enfatizou a pertinência dos temas e sua importância no cotidiano dos juízes

Participaram, ainda, a desembargadora Maria Luiza de Marilac, da juíza auxiliar da 2ª Vice-Presidência, Lisandre Borges Fortes da Costa Figueira, e da diretora executiva de Desenvolvimento de Pessoas da Ejef, Ana Paula Andrade Prosdocimi da Silva.

Palestra

A palestra inaugural coube à psicóloga e psicanalista Patrícia Ferreira da Costa, que frisou que o gestor deve permitir que as pessoas floresçam e tenham suas potencialidades incentivadas. “No trabalho e na vida, deparamos com indivíduos saudáveis e imaturos. A imperfeição é uma realidade de todos: as pessoas são falhas”, disse. A psicóloga declarou que dependemos uns dos outros, então é preciso achar soluções que permitam a colaboração e que levem em conta o fato de que nossa independência é relativa, pois vivemos em interdependência. “Num ambiente profissional, as competências não são iguais, mas podem se complementar”, declarou.

De acordo com a estudiosa, o chefe, no imaginário das pessoas, ocupa o lugar parental. Por isso, é importante desenvolver nas pessoas um senso de pertença a um núcleo e estimular a capacidade de identificação de cada indivíduo ao grupo, mas também exercer o “não” e a correção. “Os senhores têm o papel de criar uma rede de cuidado silenciosa, marcada pelas pequenas delicadezas do cotidiano, pela confiabilidade e lealdade mútua. Em alguns momentos, será necessário curar experiências pregressas ruins, cuidar da autoestima, incentivar. Em outros, pode-se prevenir um problema com gestos simples”, destaca.

Para Patrícia Costa, usar o poder para colocar-se a serviço do bem comum cria sentido para o fazer de todo ser humano. “O trabalho é uma das configurações que faz com que sintamos ter um propósito e um valor na vida, pois constitui uma extensão do brincar da criança. Como ocorre numa família, ele ensina ‘pelas costas’, mais com o exemplo do que com palavras, e uma de suas qualidades mais úteis é o bom humor”, sintetiza.

A pesquisadora destacou a necessidade de os juízes praticarem a comunicação efetiva, não violenta, olho no olho, evitando a adjetivação negativa (“sua atitude foi desonesta”, “você é incompetente”) e focando nos fatos concretos (“esse procedimento deve ser feito da seguinte maneira”, “a abordagem mais correta é esta”). Isso é possível, de acordo com ela, porque as vicissitudes humanas são semelhantes e irritações, frustrações e dificuldades são comuns a todos.

“É comum encontrar pessoas frágeis, brilhantes, porém inseguras, ou arrogantes e intransigentes; antissociais, adeptas do ‘jeitinho’, da propina, da dissimulação; há os ansiosos e depressivos, que costumam funcionar bem nas instituições e nos cargos de gestão, mas que estão sempre sobrecarregados e sofrem muito; e os delinquentes, que avançam nas carreiras porque não têm senso de coletividade (reconhecimento da alteridade), contudo são ricos em coragem e indiferença.”

Conforme a professora da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), a Justiça mitiga o ódio da sociedade, mas é preciso atentar para a ambivalência das figuras de autoridade, que podem atrair a antipatia se se excedem e incorrem no autoritarismo. “A responsabilidade é uma conquista do amadurecimento humano e um sinal de um senso ético e moral desenvolvido. O sofrimento é democrático, a despeito das singularidades que carregamos desde bebês”, afirma.

A psicanalista disse que, assim como ocorre com as crianças, que buscam o crescimento, quando adultos continuamos procurando nos tornar mais livres e independentes. “Com boas condições e atenção da família, a criança vai começar, aos poucos, a agir com reciprocidade. Assim como ela recebeu cuidados, vai desejar cuidar do outro. A postura do líder é dar esse tratamento à equipe, para provocar uma resposta semelhante de seus comandados”, conclui.

Oficinas

Hoje, 7 de junho, os participantes assistiram a painéis intitulados “Desjudicialização e as Ações para Redução da Litigiosidade Bancária”, com o advogado Marcelo Tostes; “Enfrentamento da Criminalidade Organizada”, com o juiz Lourenço Migliorini Ribeiro, da Vara de Execuções Criminais da comarca de Uberlândia.

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O desembargador Paulo Calmon mediou o painel do advogado Marcelo Tostes

Na sexta, 8 de junho, painéis tratam de "Mediação e Conciliação Aplicada” e “Improbidade Administrativa”, assuntos apresentados, respectivamente, pelo juiz João Ricardo Viana Costa, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), e pelo desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior.

Já as oficinas, de caráter mais prático, discutem, nas duas tardes, tópicos variados e estarão sob a responsabilidade dos juízes Lisandre Borges Figueira e Rafael Niepce Verona Pimentel, Mônica Silveira Vieira, Mateus Bicalho de Melo Chavinho, Thiago Colnago Cabral, Clayton Rosa de Resende e Maurício Ferreira Cunha.