Impulsionados por gritos de “justiça” e “a espera acabou”, cerca de 400 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) saíram ontem às ruas de Belo Horizonte para cobrar a condenação de quatro envolvidos na Chacina de Felisburgo, crime cometido na cidade do Vale do Jequitinhonha há nove anos e ainda sem punição.
Os réus, que serão julgados hoje no Fórum Lafayette, na capital, são acusados de matar cinco trabalhadores rurais e deixar 12 pessoas que viviam no mesmo acampamento feridas – incluindo uma criança de 12 anos e vários idosos.
O grupo de manifestantes se concentrou embaixo do viaduto São Francisco, na região da Pampulha, por volta das 7h. Eles saíram em passeata pela avenida Antônio Carlos até o Fórum Lafayette, no Barro Preto, e causaram retenções no trânsito, segundo a Empresa de Trânsito e Transportes de Belo Horizonte (BHTrans). Por volta das 12h, os trabalhadores rurais seguiram para a Assembleia Legislativa, no bairro Santo Agostinho, onde montaram um acampamento para passar a noite e aguardar o julgamento.
Atingido por um disparo no abdômen e outro na perna direita ainda em 2004, o trabalhador rural José Maria Soares, 57, espera a condenação dos responsáveis pela chacina. “Lembro que eles iam apontando armas para todo mundo e atirando sem mirar. Uma arma chegou a ser direcionada para minha cabeça, mas, por sorte, os tiros que levei foram de raspão”, contou.
Acusados. O fazendeiro Adriano Chafik Luedy, que coordenou o massacre, será julgado a partir das 8h30. Assim como ele, os pistoleiros Washington Agostinho da Silva, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza respondem por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio criminoso.
Se condenados, cada um poderá pegar de um a 30 anos de prisão. Um quinto réu, Admilson Rodrigues Lima, morreu, em janeiro deste ano, aos 77 anos. Todas as 60 testemunhas do processo serão ouvidas por cartas precatórias devido a dificuldades no deslocamento, já que a maioria mora no interior do Estado.
Fonte: O Tempo