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Leia um trecho do texto do jornalista Manoel Guimarães, editor de MagisCultura. O trabalho integra a 12ª edição da revista, que será lançada no projeto “Sempre um Papo” com a participação do poeta e ensaísta Affonso Romano de Sant’Anna.

A revista também conta com três trabalhos de Affonso Romano e com textos dos seguintes magistrados: Daniel César Botto Collaço, Gutemberg da Mota Silva, Renato César Jardim, Fernando José Armando Ribeiro, João Quintino Silva, Rogério Medeiros Garcia de Lima, Llewellyn Davies Antônio Medina e Matheus Chaves Jardim.

Affonso Romano de Sant’Anna, o poeta do tempo

“A poesia é o residual da vida”, diz Affonso Romano de Sant’Anna em uma de suas várias entrevistas e palestras disponíveis na rede mundial de computadores. E explica: "A vida é como uma bateia, que você vai peneirando, peneirando e no final o que sobra é a poesia". Instado pelo repórter a estender seus comentários, ele confessa: “O texto é onde e é quando eu me encontro, seja a crônica, a poesia ou o ensaio. Talvez eu seja um perguntador, que perguntar é tudo o que nos cabe dentro da perplexidade de existir. E o texto é um testemunho disto.”

A ‘perplexidade de existir’, aliás, é presença constante em sua trajetória literária, de modo especial em tempos mais recentes, em que elegeu como um de seus temas recorrentes a morte, com a qual diz ter uma “relação fraternal”.

Embora recorrente em tempos recentes, o tema já estava presente em um de seus primeiros poemas publicados, ‘Morte na lagoa amarela’ (Cadernos do Centro Popular de Cultura da UNE, 1962), como bem lembrou o historiador José Murilo de Carvalho, amigo e contemporâneo, no prefácio da última edição de “Que país é este?”, seu poema mais conhecido. José Murilo o qualifica como ‘Poeta do tempo’ e, no mesmo prefácio, admitiu que, ao participar com Affonso de uma sessão pública de debates, sentia-se “humilhado quando ele, num poema, dizia mais do que eu em sete minutos de fala”. Para explicar esse sentimento de humilhação, Carvalho recorre a uma frase do próprio poeta: “É porque a poesia diz o indizível”. E vaticina: "A poesia é mais verdadeira do que a história."

O historiador completa: “O poema escapa do tempo e do objeto de que trata e se converte em capítulo de ‘Que país é este?’, que pode ser lido hoje”.


Sempre um Papo e lançamento da Revista MagisCultura
Dia 25 de setembro, quinta-feira
Às 19h30
No auditório da Amagis (Rua Albita, 194, 2º andar, bairro Cruzeiro, em Belo Horizonte)
Entrada franca
A aquarela que ilustra esta notícia traz o poeta Affonso Romano e é de auoria da artista plástica Sandra Bianchi.