O primeiro ciclo do Clube de Leitura da Coordenadoria Amagis Mulheres terminou na noite desta quinta-feira, 19, com o debate sobre o livro “Becos da Memória”, da escritora mineira Conceição Evaristo, expoente da literatura contemporânea, romancista, poeta e contista. O encontro ocorreu no Parque Esportivo da Amagis e contou com a presença do presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, que parabenizou as magistradas pela iniciativa.
Publicado pela editora Pallas, “Becos da Memória” é um dos mais importantes romances memorialistas da literatura contemporânea brasileira. Conceição Evaristo traduz, a partir de seus muitos personagens, a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria. Sem perder o lirismo e a delicadeza, a autora discute, como poucos, questões profundas da sociedade brasileira e enfrenta o desafio de fazer seu romance dialogar com o testemunho e a crônica da apartação social. Leia mais sobre o livro aqui.
Durante o encontro, as magistradas abordaram temas como a luta pelas igualdades de gênero e raça, invisibilidade de mulheres, desenvolvimento humano e acolhida afetiva nas relações profissionais e pessoais.
Para a juíza Roberta Chaves Soares, diretora da Coordenadoria Amagis Mulheres, a obra de Conceição Evaristo coroa o encerramento do primeiro ciclo do Clube de Leitura. De acordo com a magistrada, a escolha dos títulos abordados em todo o ciclo abriu a possibilidade para as colegas se conhecerem melhor e fazerem uma autorreflexão. “O Clube, além de trazer conhecimento e letramento de gênero e raça, formou um vínculo muito forte entre todas nós. Tivemos a oportunidade de encontrar colegas que não víamos há muito tempo. Foram discussões para além das obras, já que cada uma de nós começou a se ver também naquelas histórias. Foram momentos de troca muito verdadeira, o que fortalece nossas causas e nossas ações. Só tenho a agradecer”, afirmou.
A juíza Sílvia Ramos ressaltou que o livro de Conceição Evaristo foi escolhido pela necessidade de trazer a questão racial para um debate mais profundo com as magistradas. “Em Becos da Memória, a escritora traz toda uma vivência da época em que houve, na região em que hoje estamos, o chamado desfavelamento. Com a urbanização, houve uma desapropriação das favelas. E o livro de Conceição Evaristo faz um paralelo para mostrar que a favela é a nova senzala, pois os negros continuaram segregados. Portanto, precisamos lançar um olhar apurado não apenas para a literatura produzida pelas mulheres, mas também pelas mulheres negras”, disse.
Segundo a juíza Ivana Fernandes Vieira, os encontros do Clube de Leitura permitiram a ela conhecer colegas, estreitar vínculos e fazer uma profunda reflexão sobre temas do cotidiano profissional e pessoal. “Todos os nossos debates foram extremamente enriquecedores para minha vida como magistrada e como mulher. As leituras nos levaram a uma reflexão sobre a atividade profissional e sobre nossa vida pessoal. O Clube foi mais uma inciativa fantástica da Coordenadoria Amagis Mulheres. Espero que venham outros ciclos”, desejou a magistrada.