O que dizer a um jovem bacharel em Direito que se sente atraído pela carreira da magistratura? Esse foi o primeiro questionamento feito pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha, quando foi convidado a escrever o livro Cartas a um jovem juiz: cada processo hospeda uma vida (Ed. Elsevier, RJ, 2009). A obra faz parte de uma série lançada pela editora, com livros que se baseiam na vivência do autor para um trazer uma visão sobre a área de atuação. Outras edições como Cartas a um jovem médico; atleta; terapeuta; designer, também foram lançadas.

Escrito em formato que lembram cartas, a obra elabora por Asfor Rocha é destinada aos jovens bacharéis e aos recém-ingressos na carreira, mas, também, aos mais experientes juízes, que poderão encontrar elementos de reflexão que podem lhes trazer novos ares, estímulos e incentivos. Entretanto, o livro não versa sobre a magistratura, sobre o Judiciário brasileiro ou sobre o Direito. É, na verdade, uma junção de pensamentos voltados ao aperfeiçoamento dos que se devotam à judicatura.

Ao longo de 150 páginas, mais do que falar da própria experiência, Asfor Rocha traz à tona a importância da relação de um juiz com os colegas de magistratura, com os órgãos que cercam o Judiciário, com advogados, políticos, sociedade e mídia. E, já na introdução, o autor diz que “não obstante todas as vicissitudes, não há missão mais nobre que a de julgar”.

Com uma linguagem leve e narrativa objetiva, o autor discorre sobre a estrutura encontrada em todos os níveis do Judiciário, seja na esfera Superior ou nos Tribunais Regionais. E também aborda a forma de nomeação de juízes, por concurso público ou pela indicação direta, feita pelo Poder Executivo.

Sobre a função de julgar, Asfor Rocha diz que “ignorar que o processo esconde a vida de seres humanos é o mesmo que tratá-los como números indiferentes e reduzir a função julgadora a algo sobremodo banal”. E completa dizendo que “isso ocorre quando o julgador se afasta dos requisitos éticos de sua atuação para seguir padrões meramente técnicos de sua atividade (...) a função de julgar passa pela complexidade da vida humana e social e das relações vitais”.

Na relação com a sociedade, o autor destaca a grande expectativa depositada no Poder Judiciário. Da expectativa nasce a confiança conquista por esse poder. “Se assim não fosse, instalar-se-ia total insegurança nas relações da vida social, e cada um defenderia de seus interesses, com seus próprios meios”, destaca Asfor Rocha.

O escritor passeia pelas diversas facetas a que estão ligadas atividade de um juiz. Em seu dia a dia, no trato com a família, com as partes de um processo. Nos conselhos colhidos dos colegas. O presidente do STJ também fala do relacionamento do Judiciário com a imprensa, que, para ele, “são os dois pilares fundamentais para a fruição da democracia”.

Para aqueles que buscam uma visão geral, mas não menos profunda, sobre o mundo em que vive um magistrado, Cartas a um jovem juiz: cada processo hospeda uma vida, atenderá bem às expectativas.

Serviço:
Cartas a um jovem juiz: cada processo hospeda uma vida
Autor: Cesar Asfor Rocha
Editora: Elsevier
Páginas: 150
Preço: R$ 35,90

Fonte: Consultor Jurídico