O Estado de Minas Gerais agraciou magistradas e magistrados mineiros neste domingo, 16 de julho, com a Medalha Comemorativa do Dia do Estado de Minas Gerais. A celebração ocorreu na cidade de Mariana, região Central do Estado. A data marca a transferência provisória da capital Belo Horizonte para Mariana, município mais antigo do Estado.

Entre os agraciados que receberam a comenda das mãos do prefeito interino de Mariana, Edson Agostinho de Castro Carneiro, estavam a desembargadora Ana Paula Nannetti Caixeta, 3ª vice-presidente do TJMG; a superintendente de Equidade de Gênero, Raça, Diversidade, Condição Física ou Similar do TJMG, desembargadora Maria Inês de Souza, e os desembargadores Carlos Henrique Perpétuo Braga, Enéias Xavier Gomes e Saulo Versiani Penna. O presidente do TRT3, desembargador Ricardo Mohallem, também foi homenageado. Os desembargadores Joemilson Donizetti Lopes e Marcelo Oliveira Milagres foram agraciados com a Medalha, mas não puderam comparecer à cerimônia. Ao todo, 50 personalidades receberam a honraria, concedida a todos que se destacaram na defesa dos ideais do Estado.

A desembargadora Ana Paula Nannetti Caixeta representou o presidente do Tribunal, desembargador José Arthur Carvalho, e foi a oradora oficial. Em seu discurso, a magistrada lembrou do início de sua carreira na magistratura, na cidade de Mariana. “Em novembro de 1990 aqui cheguei, como pedra bruta para exercer pela primeira vez o mister da magistratura. Como aprendiz de garimpo, usei a bateia com a tímida destreza dos iniciantes. Mas, a mão do Criador me direcionou para a proteção de uma família forense acolhedora, respeitosa e competente. Aqui pude caminhar com segurança pelas ruas que transpiravam história e sussurravam causos, sob o olhar cuidadoso de colegas, promotores, advogados e dos cidadãos de bem. Hoje, retorno, mais lapidada e continuo me sentindo em casa, protegida por tantos diamantes que aqui reencontro, inclusive aqueles que cintilam do plano espiritual, como Dona Filinha. São muitas as afetuosas lembranças que marcaram essa passagem inesquecível da minha trajetória”, disse.

A magistrada lembrou o desastre ambiental ocorrido no município, em 2015, e a capacidade de superação do seu povo. “Aqui, o barroco resiste à ação do tempo e à chegada do novo, que prometeu segurança, desenvolvimento e paz. Todavia, nesse momento da história atual, há pontos de infecção, de dor e de saudade. Motivo pelo qual, abrir esse capítulo requer muito cuidado e respeito às recentes cicatrizes dessa porção especial do nosso Estado. Mesmo diante da adversidade, os mineiros demonstraram sua força e união. As instituições públicas, juntamente com a sociedade civil, uniram esforços para socorrer, aplacar dores e usar medidas urgentes para estancar o sangramento. Tem sido um processo árduo, que exigiu e exige solidariedade, resiliência, determinação e diálogo responsivo para construção de pontes da paz”, disse.

Diversas autoridades estiveram presentes na solenidade, entre elas a juíza Marcela Oliveira Decat de Moura, da 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Criminais da Comarca de Mariana; o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite; as deputadas estaduais Lohanna Souza França Moreira de Oliveira e Maria Clara Matos Marra; o prefeito de Maria da Fé, Adilson dos Santos; o prefeito de Itabirito, Orlando Amorim Caldeira; o vice-prefeito de Ouro Branco, Celso Roberto Vaz; o secretário adjunto da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), coronel Edgard Estevo da Silva; a chefe da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), delegada-geral Letícia Baptista Gamboge Reis; o 1º tenente comandante da 239ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Thiago Henrique Mota e representantes dos Poderes Executivo e Legislativo do Estado e do município, Polícias Civil e Militar.

Dia de Minas

O Dia de Minas foi instituído em 16 de julho de 1977, quando, durante a sessão comemorativa do 281º aniversário de Mariana, o professor Roque José de Oliveira Camêllo, membro da Casa de Cultura de Mariana - Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, lançou a ideia de se instituir essa data cívica estadual, recebendo o apoio dos acadêmicos, autoridades municipais e da comunidade local.

O projeto foi encaminhado ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa e o governador Francelino Pereira dos Santos sancionou a Lei nº 7.561, em 19 de outubro de 1979, consagrando o 16 de Julho como Dia do Estado de Minas Gerais, no art. 256 da Constituição mineira. No artigo original estava escrito que o Dia de Minas Gerais era uma data cívica do Estado e seria celebrado anualmente na cidade de Mariana, com transferência simbólica da capital para o referido município e assim tem sido feito desde então.

História de Mariana

Mariana foi a primeira vila (1711), a primeira capital (1712), a primeira cidade (1745) e a primeira diocese (1745) de Minas Gerais e até hoje conserva suas raízes do período colonial, com casarões históricos e igrejas barrocas.

A data de 16 de julho é atribuída à chegada de bandeirantes paulistas liderados por Salvador Fernandes Furtado de Mendonça, em 1696, que vieram para a região em busca de ouro às margens do rio batizado de Ribeirão Nossa Senhora do Carmo, onde nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo.

Em 1711, o Arraial do Ribeirão do Carmo foi elevado a vila, a primeira de Minas, com o nome de Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo. Nela se estabeleceu, em 1712, a capital da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, criada em 1709. Tornou-se então a primeira cidade da Capitania de Minas Gerais, desmembrada da capitania de São Paulo a partir de 02 de dezembro de 1720, por Dom João V de Portugal. Em 1745, a Vila Real do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem à esposa de Dom João V, rainha Maria Ana D' Austria. (Com informações do TJMG)