A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) promoveu, neste sábado, 20, em nove cidades do país a “Caminhada Negra”, em celebração ao Dia da Consciência Negra, mobilizando centenas de pessoas em todo o país.   

 

Com o objetivo de resgatar a história e a cultura do povo afrodescendente no Brasil e, com isso, manter viva a reflexão de que o país necessita, de uma vez por todas, eliminar toda e qualquer forma de racismo e discriminação, a AMB promoveu uma rota desenhada pela organização do evento para esta caminhada compondo uma jornada que costurou fatos importantes ao longo de mais de cinco séculos da história do negro na formação da nação brasileira. 

Em Minas Gerais, a caminhada aconteceu na cidade de Ouro Preto. A juíza Cláudia Helena Batista, diretora de Esportes Especializados da Amagis, participou acompanhada das juízas Lívia Borba, da Comarca de Belo Horizonte, e Rafaella Amaral de Oliveira, da Comarca de Manhumirim.  

De acordo com a juíza Cláudia Helena foi muito importante a AMB e associações estaduais de magistrados promoverem este tipo de celebração para trazer luz à uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, e incentivar e promover um maior número de homens e mulheres negras no Poder Judiciário.   

“Acho que o propósito da caminhada foi levar os juízes a lugares históricos, onde a população negra e escravizada fosse rememorada pelos visitantes. Visitamos minas e ouvimos relatos de como eram o trabalho destas pessoas escravizadas, vivendo em situações insalubres. Contribuiu (a caminhada) para entendermos este passado e trazer luz à sociedade”, destacou.  

A presidente da AMB, Renata Gil, participou da atividade em São Paulo, onde o grupo iniciou a visitação da Praça da Liberdade. “O Dia da Consciência Negra é importante para todos os magistrados e para o povo brasileiro. Nós da AMB e todas as associações afiliadas resolvemos fazer um trabalho diferente. Foi um dia em que tivemos a oportunidade de conhecer personagens que não estão nos livros.”.  

A caminhada aconteceu simultaneamente também em Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Olinda (PE), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Luís (MA). 

Em todas as localidades, além do tour, houve rodas de conversas e expressões culturais, por meio da dança e da música. Além de magistrados e dependentes, autoridades estrangeiras participaram. O cônsul do Senegal, Ozeil Moura, esteve na caminhada em Curitiba e o embaixador da África do Sul, Vusi Mavimbela, em Salvador. 

“Existem muitas conexões entre esse lugar e o continente africano. Você vê que existe muita conexão quando andamos pelas ruas aqui em Salvador. Esta é a história do nosso povo que veio do continente africano”, enalteceu o embaixador. 

A presidente Renata Gil destacou o dever de reparação da história do povo negro. “A história, que os livros não contam, e não está nas pinturas. A AMB, de forma inédita, também está fazendo este resgate e tocando o coração de os juízes que participaram desta caminhada. Todos estão encantados. Espero que, a partir de agora, nós façamos outros movimentos desse resgate, dessa dívida que a gente tem com o povo negro”, acrescentou Renata Gil. 

 

Dia da Consciência Negra

A escolha do dia 20 tem como referência o dia de morte de Zumbi dos Palmares no dia 20 de novembro de 1695, considerado o maior líder do Quilombo dos Palmares, que País simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os africanos. A data foi oficializada por legislação e, por isso, é feriado no país.